“Esta greve tem a ver não só com a negociação do Contrato Coletivo de Trabalho que se arrasta há mais de 27 dias […] em que a proposta do aumento salarial que vem para cima da mesa é irrisória e em troca querem contrapartidas em relação ao pagamento do trabalho suplementar, que querem reduzir dos 100% para 60%, e introduzir o banco de horas”, disse à agência Lusa a dirigente do CESP, Elisabete Santos.

De acordo com o sindicato, na base da paralisação, entre as 00:00 e as 24:00, estão ainda os “horários desumanos e desregulados”, falta de condições de segurança, saúde, higiene e material de trabalho.

“A pressão e o assédio aos trabalhadores é cada vez maior porque não há pessoal”, defendeu.

Elisabete Santos disse ainda que o caderno reivindicativo já foi entregue à empresa, não tendo recebido até hoje uma resposta.

“A verdade é que a nossa empresa há mais de uma década que não reúne com o sindicato para tentar resolver algumas situações que se arrastam”, indicou.

Apesar de não avançar números, a dirigente sindical referiu que a greve “vai ter impacto” nas lojas, tendo em conta o grau de insatisfação dos trabalhadores.

No entanto, ressalvou que, “o Pingo Doce é uma empresa onde, normalmente, já se sabe quis os trabalhadores que costumam aderir à greve” e, por isso, “à última da hora, trocam os horários dos trabalhadores e colocam-nos de folga”, de forma a poderem afirmar que “não há adesão”.

Elisabete Santos adiantou ainda que, caso a empresa não dê resposta aos trabalhadores, vão ser agendadas novas formas de luta.

Questionada pela Lusa, fonte oficial do Pingo Doce garantiu que a empresa não antecipa perturbações, “prevendo-se o normal funcionamento das lojas”, à semelhança do que aconteceu na greve de 24 de dezembro.

“O Pingo Doce tem investido na melhoria da qualidade de vida dos seus colaboradores, tanto a nível salarial, como em termos de programas de responsabilidade social ligados à saúde, educação e bem-estar familiar”, afirmou, numa nota, a mesma fonte.

Segundo o Pingo Doce, em 2017, foi iniciada uma revisão dos pacotes salariais, que abrangeu cerca de 80% de sensivelmente 30 mil trabalhadores.

Fonte oficial da marca disse ainda que, ao nível da responsabilidade social interna, disponibiliza, entre outras iniciativas, campos de férias para os filhos dos trabalhadores, tratamentos dentários, creches nos armazéns e dispõe, desde 2011, de um Fundo de Emergência Social para apoiar os colaboradores em “momentos críticos”.