Em comunicado após um plenário de trabalhadores hoje realizado, a redação do JN referiu que as representantes dos trabalhadores foram convocadas esta quinta-feira pela administração da GMG, onde lhes foi comunicada “a intenção de proceder ao despedimento coletivo de 140 a 150” trabalhadores no grupo.

Em específico, foi transmitido às delegadas sindicais do JN que estavam em causa “56 trabalhadores dos serviços partilhados e setor comercial, 40 da redação do Jornal de Notícias, 30 da TSF e um número ainda indefinido de O Jogo”, pode ler-se.

Sobre esta comunicação, a redação do JN decidiu repudiar as declarações da administração do GMG à comunicação social na quinta-feira, em que negou a intenção, considerado “um ato de desrespeito pela redação na pessoa dos seus representantes eleitos”.

O novo presidente do Conselho de Administração do GMG, José Paulo Fafe, referiu na quinta-feira ao portal Eco que “não há decisão nenhuma”.

“Há a necessidade de conter despesas, de aumentar receitas e de racionar os custos. Há várias medidas que podem ser implementadas, estamos a estudá-las”, salientou José Paulo Fafe.

A redação do JN decidiu, por isso, solicitar à administração do GMG “o cabal esclarecimento, até ao final da manhã da próxima quarta-feira, dia 29 de novembro, sobre o que pretende efetivamente levar a cabo”.

Os trabalhadores do JN solicitaram também ao Sindicato dos Jornalistas “a preparação de um pré-aviso de greve para os dias 06 e 07 de dezembro”, convocando ainda um novo plenário para 30 de novembro.

Ainda de acordo com o comunicado, a redação do JN está a ponderar “acionar os meios legais e judiciais ao seu dispor na defesa dos direitos dos trabalhadores”, sublinhando “a força e a importância do título-âncora do GMG, o Jornal de Notícias”.

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) referiu hoje, em comunicado, que considera “inadmissível, inviável e impensável” a intenção do Global Media Group de avançar com o despedimento de 150 pessoas, lembrando que é “quase um terço dos cerca de 500 trabalhadores da empresa”.

De acordo com o SJ, esta intenção, “com impacto primordial na TSF e no JN, é verdadeiramente inadmissível e deve fazer pensar as pessoas e as instituições deste país, pois, por coincidência, vai afetar mais dois dos órgãos que mais têm tentado dignificar as condições de trabalho e dos trabalhadores e com isso a defender o jornalismo de qualidade”.

A estrutura sindical criticou ainda o novo presidente do Conselho de Administração do GMG, José Paulo Fafe, por ter desmentido, em declarações a meios de comunicação social, o que “a administração anunciou de viva voz a vários representantes de trabalhadores no grupo”, referindo que os despedimentos são apenas “uma hipótese teórica”.

O PCP questionou hoje o Governo sobre se tem conhecimento da situação económica da GMG e o que irá fazer relativamente à intenção de despedir centena e meia de trabalhadores.

Em requerimentos enviados aos ministros do Trabalho, da Cultura, da Economia e das Finanças, através do parlamento, o Grupo Parlamentar do PCP pretende esclarecer "que acompanhamento está [o Governo] a fazer, ou tenciona fazer, do anunciado despedimento coletivo" e "que diligências pretende tomar para salvaguardar os postos de trabalho e os direitos dos trabalhadores?"

Os comunistas perguntaram também ao executivo quais os "apoios concretos, diretos ou indiretos, do Estado" de que a GMG tem beneficiado.