Segundo avançou à Lusa Fernando Gonçalves, coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, o acordo prevê a implementação de dois tipos de horários distintos: um que irá vigorar de fevereiro a julho do próximo ano e outro que já inclui a laboração contínua da fábrica de automóveis de Palmela depois do habitual período de férias dos trabalhadores (em agosto).
O representante dos trabalhadores explicou que os funcionários vão rodar pelos três turnos (manhã, tarde e noite) semanalmente, em vez de permanecerem várias semanas em cada um destes turnos, conforme pretendia inicialmente a administração da Autoeuropa.
Fernando Gonçalves disse ainda que o acordo assinado hoje com a Autoeuropa foi subscrito pelos 11 elementos das diferentes listas que concorreram ao último ato eleitoral e que têm representantes na atual Comissão de Trabalhadores.
Em comunicado hoje divulgado, a Comissão de Trabalhadores adianta que "conseguiu garantir a distribuição do horário semanal de segunda a sexta-feira na fase de transição, a manutenção do trabalho extraordinário como tal, a rotação semanal entre turnos, menos sábados trabalhados, mais dias de descanso para os trabalhadores e prevê ainda para 2018 a contratação de cerca de mais 400 trabalhadores, de modo a ser possível a introdução da quarta equipa de trabalho".
O pré-acordo estabelece que "entre a semana 5 (fevereiro) e a semana 33 (agosto) será aplicado um modelo de trabalho transitório, que irá permitir a adaptação da fábrica ao modelo de laboração continua".
"Durante este período, a distribuição do horário semanal será de segunda-feira a sexta-feira", acrescenta o documento, que refere também um "plano extraordinário de trabalho a prestar ao sábado".
Os trabalhadores da Autoeuropa vão reunir-se em plenário na próxima quinta-feira para discutirem e esclarecerem eventuais dúvidas sobre o pré-acordo, após o que deverão pronunciar-se sobre o mesmo em referendo a realizar durante a próxima semana.
O pré-acordo negociado pela anterior Comissão de Trabalhadores liderada por Fernando Sequeira, que foi rejeitado por 74% dos funcionários, previa a laboração da fábrica seis dias por semana, incluindo sábados, com três turnos diários, uma folga fixa ao domingo e outra rotativa ao longo da semana.
A Autoeuropa estima produzir mais de 200.000 veículos Volkswagen T-Roc em 2018, quase triplicando a produção de 2016, o que levou a empresa a contratar cerca de 2.000 novos trabalhadores e a decidir a abertura de um sexto dia de produção aos sábados.
Esta solução não agradou aos trabalhadores que realizaram a primeira greve de sempre por razões laborais na fábrica de Palmela, no passado dia 30 de agosto, e esteve na origem da demissão da anterior Comissão de Trabalhadores.
Apesar das divergências entre trabalhadores e administração da Autoeuropa sobre o trabalho aos sábados, o atual coordenador da Comissão de Trabalhadores, Fernando Gonçalves, afirmou logo após a eleição que as partes iriam encontrar uma solução adequada para pôr termo ao conflito laboral na fábrica de automóveis de Palmela.
(Notícia atualizada às 20h33)
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