Em comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura, Alimentação, Bebidas e Tabaco (SINTAB) divulgou hoje uma moção aprovada em Madrid, na passada segunda-feira, numa reunião do Comité de Empresa Europeu do Grupo Campofrío, que manifesta a solidariedade dos trabalhadores do Grupo Sigma para com os trabalhadores da Nobre Alimentação.
“Ao tomar conhecimento de que a empresa Nobre atualizou o subsídio de alimentação em apenas 70 cêntimos nos últimos 14 anos e rejeitou todas as propostas apresentadas no caderno reivindicativo dos trabalhadores, manifestamos o nosso total repúdio e indignação”, afirma a moção.
Os trabalhadores das empresas do grupo situadas na Europa declaram-se “profundamente preocupados” com a postura da administração da Nobre, salientando que a Sigma, “líder mundial em produtos alimentares”, tem “um compromisso com a justiça e a valorização dos seus trabalhadores em todas as suas operações”.
Manifestam ainda “consternação” com o facto de, mesmo depois da greve realizada no passado dia 28 de abril, a empresa continuar sem responder às reivindicações dos trabalhadores.
O SINTAB lembra que os trabalhadores da Nobre reivindicam “aumentos salariais dignos”, com o salário mínimo na empresa a ser fixado nos 850 euros, “com efeitos imediatos”, a negociação da Contratação Coletiva para o setor das carnes e/ou celebração de um Acordo de Empresa.
Exigem, ainda, a atualização do subsídio de alimentação para sete euros/dia, 25 dias úteis de férias, regularização dos horários de trabalho, nomeadamente, a redução para as 35 horas semanais, e direito ao dia do aniversário do trabalhador ou dos filhos até 12 anos.
Diogo Lopes, do SINTAB, disse hoje à Lusa que os trabalhadores da Nobre voltam a reunir-se em plenário no próximo dia 15, estando determinados a avançar com um dia de greve por mês até obterem uma resposta positiva da empresa.
Segundo o sindicalista, na reunião realizada após a greve de 28 de abril, a administração manteve a posição de recusa de qualquer aumento salarial, que já havia manifestado após a greve de 9 de fevereiro.
Os trabalhadores europeus do grupo comprometem-se “a acompanhar de perto” o desenvolvimento da situação e a “tomar as medidas necessárias” ao seu alcance para apoiar as reivindicações dos trabalhadores da Nobre Alimentação.
“Como trabalhadores do Grupo Sigma, afirmamos a importância de respeitar e valorizar os direitos e dignidade de todos os trabalhadores. Exigimos, portanto, que a empresa Nobre Alimentação reveja a sua atual posição e abra um espaço de diálogo construtivo com os trabalhadores e os seus representantes sindicais, visando a resolução justa e satisfatória das suas reivindicações que, como aqui vemos, não são descabidas e apenas almejam a obtenção de um nível de vida mais saudável e menos penoso”, afirma a moção aprovada por unanimidade.
A moção, que será entregue aos responsáveis europeus da multinacional da indústria alimentar, pede que sejam encontrados “pontos de equilíbrio de modo a alcançar um acordo que vá ao encontro à satisfação das reivindicações dos trabalhadores portugueses”.
Na reunião realizada em Madrid foi também aprovada por unanimidade a moção apresentada pela representante portuguesa, “expressando profunda preocupação com as atuais condições laborais em Portugal”, afirma o SINTAB.
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