Como escreve o Guardian, os relatos começaram a surgir a novembro de 2015: gatos e outros animais de pequena dimensão mutilados, como coelhos, sem cabeça nem cauda, foram encontrados no bairro de Croydon e arredores, na zona sul de Londres.
A imprensa britânica não se demorou a considerar o caso obra de um lunático, plasmado nas capas dos jornais como "o assassino de gatos de Croydon".
A atenção dada ao caso levou cada vez mais pessoas a reportar outros casos, ascendendo a 400 as ocorrências denunciadas à polícia um pouco por toda a capital, motivando os especialistas a procurar padrões. O abrigo de animais de estimação Snarl chegou a publicar o perfil do suspeito: um homem branco, na faixa dos 40 anos, com 1,80m de altura.
Conhecida por Operação Takahe, a investigação policial foi acompanhada por uma campanha de solidariedade que angariou 10.000 libras (atualmente 11.266 euros) para quem tivesse fotografias que levassem ao assassino.
Três anos depois, depois de análises forenses, testes de ADN e visualizações de câmaras de vigilância, a Scotland Yard (nome dado à Polícia Metropolitana de Londres) concluiu que os culpados provavelmente não foram humanos. Os verdadeiros causadores terão sido raposas.
As dúvidas quanto à causa humana começaram logo a surgir em 2016, quando os especialistas examinaram 25 gatos mortos, verificando que seis das mortes teriam sido causadas por traumas provocados por atropelamentos e que as mutilações foram feitas depois da morte. No entanto, por se verificar que os ferimentos surgiram de objetos afiados, considerou-se que poderia haver mão humana, mas sem resultados conclusivos.
Contudo, o grande avanço na investigação surgiu em abril do ano passado, quando a Polícia Metropolitana descobriu, através da captação de uma CCTV, que a cabeça de um gato que uma mulher tinha encontrado no seu jardim no norte de Londres tinha sido trazida por uma raposa. Pouco depois, em junho, soube-se que uma cabeça de gato que tinha sido encontrada no pátio de uma escola foi lá parar por uma razão totalmente inocente: "as câmaras de segurança mostraram que uma raposa levou a cabeça para o parque infantil", segundo a polícia. Em julho, também uma mulher descobriu que o gato sem cabeça nem cauda que tinha apareceu ao pé de sua casa foi carregado por uma raposa.
À medida que as provas se foram acumulando, a polícia começou a mudar a tese que sustentava a sua investigação, com vários especialistas a fortalecerem a ideia de que as mutilações seriam provocadas por animais selvagens necrófagos, principalmente porque estes tendencialmente arrancam as cabeças e as caudas dos restos mortais que encontram.
Assim, a Scotland Yard determinou oficialmente que "nenhuma prova de envolvimento humano foi encontrada em qualquer um dos casos reportados. Não houve testemunhas, nem padrões identificáveis ou pistas forenses que tenham apontado para envolvimento humano. Depoimentos de testemunhas foram tomados, mas nenhum suspeito foi identificado. Nas três ocasiões em que se obteve CCTV, as filmagens mostraram raposas a carregar corpos ou partes de corpos de gatos".
Não se podendo concluir ao certo que os responsáveis são estes canídeos, todos os casos vão ser determinados como não sendo crime.
A polícia acrescentou que, há 20 anos, uma onda similar de mutilações de felinos no Reino Unido foi atribuída às raposas. Segundo a Universidade de Bristol, cerca de 33.000 raposas vivem em zonas urbanas do país.
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