Em causa, na investigação da PSP, estão crimes de corrupção ativa e passiva, acesso ilegítimo, falsidade informática, favorecimento pessoal, denegação de justiça e prevaricação.

Em comunicado, o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP adianta que os três detidos, com idades entre os 52 e os 61 anos, e os cinco arguidos são também suspeitos dos crimes de associação criminosa, violação de segredo por funcionário e posse de armas proibidas.

Durante a operação, denominada “2.ª Via”, a PSP realizou 31 buscas a residências, viaturas e locais onde trabalhavam os suspeitos, designadamente Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), Departamento de Informática da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna e divisão de trânsito do Cometlis.

A Polícia realizou também buscas, para obtenção de prova, no Departamento de Gestão Financeira da PSP, na Polícia Municipal de Lisboa, em restaurantes, num 'stand' de automóveis e numa escola de condução.

A PSP apreendeu também diverso material conotado com a prática criminosa, designadamente várias armas de fogo e munições, computadores, telemóveis, material de armazenamento informático, documentação diversa e cerca de 90 mil euros em numerário.

Segundo a página da internet da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa, elementos da divisão de trânsito da PSP, funcionários e juristas da ANSR, do IMT e do Automóvel Club de Portugal e advogados dedicavam-se, pelo menos desde 2015, a identificar condutores que tinham sido alvo de contraordenações através do acesso indevido a bases de dados informáticos relacionados com a gestão de autos – SCOR e SIGA.

A troco de vantagens pecuniárias, eram obtidas decisões favoráveis aos condutores alvo de contraordenações, de modo a eliminarem os dados do seu Registo Nacional de Condutores (RNC) ou a conseguirem segundas vias de cartas de condução.

De acordo com a PSP, os suspeitos beneficiavam de conhecimentos adquiridos nas funções profissionais exercidas.

Um dos suspeitos é funcionário do ACP, tendo o mandado de busca sido executado na sua residência e não nas instalações do Automóvel Club de Portugal, que, entretanto, em comunicado, refere que não foram realizadas "quaisquer buscas às suas instalações" e que "desconhece qualquer diligência relacionada com a referida investigação".

O inquérito da investigação é dirigido por magistrados da 9.ª secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, tendo a operação sido executada pela PSP, em colaboração com a Unidade de Telecomunicações e Informática da Polícia Judiciária.

A PSP avança ainda que a investigação foi iniciada há cerca de um ano e meio.

Os detidos vão ser presentes na Instância Central de Instrução Criminal do Tribunal da Comarca de Lisboa, para primeiro interrogatório judicial.