A três dias de novos protestos convocados para diversas cidades do país – e na sequência das manifestações que no fim de semana juntaram dezenas de milhares de pessoas em cerca de 100 cidades – um tribunal russo decidiu manter o opositor sob detenção, ordenada quando regressou à Rússia em 17 de janeiro.
“A decisão sobre o prolongamento do período de detenção até 15 de fevereiro permanece sem alteração”, indicou o juiz Mussa Moussaïev do tribunal de Krasnogorsk, perto de Moscovo.
Alexei NAvalny, que assistiu à audiência por videoconferência a partir do seu centro de detenção denunciou uma “violação da lei” e um “arbítrio” destinado a “intimidar-me” e a “intimidar todo o mundo”.
“Aqui, os juízes apenas são escravos obedientes dessa gente que roubou o nosso país, que nos roubaram durante 20 anos e que pretendem silenciar as pessoas como eu”, invetivou.
A sua advogada Olga Mikhailova anunciou aos jornalistas que vai recorrer da decisão, apesar de “sem esperanças particulares”. Considerou ainda que os procedimentos judiciais se destinam “a excluir da vida política do país” o seu cliente.
Militante anticorrupção e confesso inimigo do Kremlin, Alexei Navalny está confrontado com diversos processos judiciais desde o seu regresso à Rússia em 17 de janeiro após meses de convalescença da Alemanha por um presumível envenenamento e cuja responsabilidade atribuiu ao Presidente Vladimir Putin. As autoridades têm rejeitado todas as acusações.
Segundo a sua advogada, o opositor arrisca-se a “cerca de dois anos e meio” de prisão efetiva por violação dos termos de uma condenação a três anos e meio de prisão com pena suspensa infligida em 2014.
Diversas pessoas do seu círculo mais próximo, incluindo o irmão Oleg e o seu aliado Liubov Sobol, foram hoje detidos durante 48 horas por “violação das normas sanitárias” no decurso das manifestações não autorizadas de sábado passado.
O porta-voz do Kremlim, Dmitri Peskov, disse que as buscas efetuadas em diversos apartamentos e as detenções se incluem nas ações legítimas da polícia para investigar as alegadas violações durante os protestos de sábado.
“As autoridades judiciais estão a fazer o seu trabalho”, disse Peskov em declarações aos media. “Ocorreram numerosas violações das leis russas, e as autoridades judiciais estão a trabalhar”, acrescentou.
O Fundo de luta contra a corrupção, a organização de Navalny, a par de outros grupos da oposição, apelou a novas concentrações de protesto para o próximo domingo.
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