Whelan, que declarou hoje no tribunal que tinha sido agredido por guardas prisionais, sentiu-se mal na sessão e os paramédicos que o assistiram disseram que não era necessária hospitalização.

A embaixada dos Estados Unidos em Moscovo denunciou no mês passado que a saúde de Whelan tinha piorado durante a detenção.

Paul Whelan foi detido num quarto de hotel da capital russa no passado dia 28 de dezembro de 2018 e acusado de espionagem, incorrendo numa pena de 20 anos de cadeia.

O cidadão norte-americano, de 48 anos, estava na posse de uma unidade de armazenamento digital contendo “segredos de Estado” russos.

Na ocasião, o seu advogado, Vladimir Zherebenkov, alegou que o seu cliente desconhecia que a referida unidade de armazenamento digital continha informação sensível.

O advogado explicou que Whelan era um visitante frequente da Rússia e que pediu a uma pessoa cujo nome não foi revelado para lhe enviar por correio eletrónico informação sobre viagens pelo país.

Alegadamente, Whelan não conseguiu descarregar a informação e pediu então à pessoa para a pôr numa unidade de armazenamento digital.

“Ele estava à espera de ver na ‘pen’ algumas informações pessoais como fotografias ou vídeos, qualquer coisa desse género, sobre as anteriores viagens dessa pessoa pela Rússia”, disse Zherebenkov à imprensa.

“Não sabemos como é que os ficheiros com segredos de Estado foram ali parar”, comentou, acrescentando que o norte-americano foi detido antes de poder abrir os ficheiros e que não se sabe o que aconteceu à pessoa que presumivelmente deu a ‘pen’ a Whelan.

O cidadão norte-americano, que tem igualmente as nacionalidades canadiana, britânica e irlandesa, foi expulso dos fuzileiros navais por má conduta, trabalha como diretor de segurança internacional de uma empresa norte-americana de componentes automóveis e vive no Estado do Michigan.

A sua família declarou que ele estava em Moscovo para ir a um casamento.

A detenção de Paul Whelan, um antigo fuzileiro naval, originou especulação de que poderia ser trocado por um dos russos detidos nos Estados Unidos, como a ativista pelo direito às armas Maria Butina, que se declarou culpada de espionagem para Moscovo.