Os vídeos gravados com telemóvel, que mostram os incidentes, a sua localização e, um deles, feito por um dos arguidos detido por estar a filmar os confrontos entre os manifestantes e a PSP, foram juntos aos autos a pedido do advogado dos jovens, durante a segunda sessão do julgamento sumário, que decorre no Tribunal de Pequena Instância Criminal de Lisboa.

A juíza visualizou também reportagens exibidas pelas televisões acerca dos incidentes, deferiu o pedido da defesa para que sejam solicitadas, “com a máxima urgência”, as imagens captadas pelas câmaras exteriores de videovigilância do Cinema de São Jorge e decidiu voltar a questionar o Hotel Tivoli se as câmaras colocadas no exterior funcionam e se tem imagens dos confrontos.

Na sessão de hoje foram ainda ouvidas quatro testemunhas arroladas pela defesa dos arguidos.

Um docente universitário contou que, na sequência dos incidentes na Avenida da Liberdade, por detrás de uns autocarros, surgiram uns polícias com o arguido Bruno Andrade, nesse momento já detido, acrescentando não ter visto “motivos para a detenção”.

Esta testemunha disse não acreditar que este arguido “estivesse a atirar pedras contra os agentes policiais”, tendo em conta o local de onde é trazido pela PSP. O docente afirmou ter ouvido agentes policiais a proferirem “calão racista” contra os manifestantes.

Outra das testemunhas contou que a polícia, por diversas vezes, alertou os participantes de que a manifestação era ilegal, mas este jovem disse que, no seu entender, não era ilegal, pois as pessoas “têm o direito cívico de se manifestarem”, sublinhando que “queriam marcar uma posição” perante o que tinha acontecido no dia anterior no Bairro da Jamaica.

Este jovem assumiu que o ambiente entre a PSP e os manifestantes foi ficando mais tenso, sobretudo quando os participantes decidiram invadir a via de trânsito da Avenida da Liberdade. Esta testemunha disse que os confrontos foram desencadeados por polícias vestidos à paisana e que viu umas sete pessoas a arremessarem pedras contra os agentes policiais.

A próxima sessão ficou agendada para as 14:00 de terça-feira, dia em que será ouvido o cineasta João Salaviza, na qualidade de testemunha arrolada pela defesa dos arguidos, e que terá presenciado os incidentes.

Bruno Andrade, José Júnior, Teodoro Ferreira e Bruno Fonseca, de 29, 22, 26 e 31 anos, acusados pelo Ministério Público (MP) de ofensas à integridade física qualificada, de injuria agravada, de dano e de participação em motim, começaram hoje a ser julgados em processo sumário no Tribunal de Pequena Instância Criminal de Lisboa.

O MP acusa os arguidos do arremesso de pedras e de injurias sobre polícias, quando desciam a Avenida da Liberdade, durante a manifestação de 21 de janeiro, organizada para protestar contra o racismo e a alegada intervenção violenta da PSP, filmada no dia anterior, no Bairro de Vale de Chícharos (conhecido por Jamaica), concelho do Seixal, distrito de Setúbal.

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