Num tom pacificador, Trump fez um retrato dos EUA como uma potência que procura “paz e harmonia”, durante a sua intervenção no debate geral da 74.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, que começou hoje e decorre até 30 de setembro com a presença de cerca de 150 chefes de Estado e de Governo, incluindo do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.
“Muitos dos nossos atuais aliados foram no passado os nossos inimigos”, disse o Presidente norte-americano, auto-elogiando os seus esforços diplomáticos e ilustrando com a relação entre Estados Unidos e a Coreia do Norte, país que acredita que irá desnuclearizar o seu programa militar.
“Não queremos guerras que não acabam”, acrescentou Donald Trump, para falar no esforço diplomático para terminar o conflito no Afeganistão, onde espera “um futuro radioso, prometendo que os EUA continuarão envolvidos na coligação internacional que luta contra os rebeldes talibã.
No mesmo tom esperançoso, o Presidente dos EUA disse estar confiante num acordo comercial com Pequim, para breve, acreditando que as tarifas retaliatórias contra a China terá um eficaz efeito diplomático.
“Em 2001, a China aderiu à Organização Mundial do Comércio. Os nossos líderes acreditaram que essa decisão levaria a China a liberalizar a sua economia (…). Duas décadas depois, esta teoria foi testada e provou-se que está errada”, afirmou, explicando que os EUA não irão continuar a tolerar que o Governo chinês continue a determinar as suas próprias regras no comércio mundial.
Trump deu o exemplo da empresa norte-americana Mícron, que se queixa de ter sido roubada da sua tecnologia por empresas ao serviço do Governo chinês e depois impedida de comercializar os seus produtos na China.
“Esses tempos acabaram”, disse, para logo de seguida ameaçar a China de mais tarifas, se não houver uma alteração de atitude por parte do Governo de Pequim, que o Presidente dos EUA acredita que irá acontecer.
“Estou confiante num acordo. Mas não quero um mau acordo”, disse Trump, que acrescentou estar expectante sobre a atitude do Governo de Pequim perante as manifestações pró-democracia em Hong Kong, dizendo que o ali fizer dirá muito do que será a sua atitude perante o resto do mundo.
O Presidente dos EUA foi igualmente duro com o regime de Teerão, dizendo que é o principal apoio do terrorismo mundial e justificando as sanções que aplicou, justificando-as pelo desrespeito do Irão pelos tratados internacionais e pelos direitos humanos.
Trump disse que não se pode permitir que o Irão prossiga a posse de armas nucleares e apelou à unidade da comunidade internacional para travar as intenções nucleares de Teerão, dizendo que “todos devem agir”.
No seu discurso, o Presidente norte-americano referiu-se também aos problemas da imigração ilegal, acusando os que defendem fronteiras abertas de não se preocuparem com os direitos dos migrantes que são explorados por redes de traficantes.
“As vossas políticas são cruéis”, afirmou, elogiando a atitude de países como o México ou a Guatemala, que começaram a colaborar com estratégias de controlo de fronteiras.
Donald Trump criticou ainda o regime venezuelano de Nicolas Maduro, dizendo que ele é um “boneco nas mãos de Cuba”, manifestando a sua solidariedade com a oposição (de Juan Guaidó) e reforçando a ideia de que os EUA têm “muitos meios de ajuda humanitária à espera de ser entregue” naquele país da América do Sul.
Trump garantiu que os EUA serão sempre defensores de grupos minoritários e da liberdade religiosa e combaterão todos os regimes que a ela se opuserem, lembrando que 80% da população mundial vive em países que são uma ameaça a essa forma de livre expressão.
A 74.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, cujos trabalhos decorrem até setembro de 2020, é presidida pelo diplomata nigeriano Tijjani Muhammad-Bande, que assumiu o cargo anual na passada semana.
Em 2019, o debate geral tem como tema central a “galvanização de esforços multilaterais para a erradicação da pobreza, para uma educação de qualidade, para uma ação climática e para a inclusão”.
Comentários