“O memorando foi enviado para o Congresso, foi desclassificado. O Congresso fará com ele o que quiser. Mas penso que foi uma vergonha o que se passou no nosso país. (…) Muitas pessoas deveriam sentir vergonha de si mesmas”, disse Trump.
A decisão de Trump de desclassificar o documento abriu caminho aos Republicanos para o tornarem público.
O relatório foi preparado pelos Republicanos da Comissão de Serviços Secretos da Câmara dos Representantes, presidida pelo republicano luso-descendente Devin Nunes, baseou-se em informação classificada (secreta) e alega que o FBI (agência federal) abusou dos seus poderes de vigilância no decorrer da investigação à alegada interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016.
Os apelos para que Trump não autorizasse a divulgação do relatório surgiram não só da agência federal FBI (serviços secretos internos) como também do Departamento de Justiça (DOJ). Ambas as entidades investigam as alegadas ligações e conluio entre o governo russo e elementos de topo da campanha de Trump.
O FBI e o DOJ alegam que o documento, preparado pelos Republicanos na Comissão de Serviços Secretos do Congresso, é pouco rigoroso e falta-lhe contexto essencial para a compreensão das questões.
A Comissão de Serviços Secretos da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso) votou na segunda-feira a favor da publicação do relatório e deu à Casa Branca cinco dias para decidir se permitia ou bloqueava a respetiva divulgação.
O FBI expressou na quarta-feira, em comunicado, “sérias preocupações” com os planos da Casa Branca de permitir que o relatório fosse tornado público e alertou que o documento contém algumas “omissões de factos materiais” que poderão comprometer a sua “exatidão”.
O texto foi redigido pelo gabinete do congressista republicano luso-descendente Devin Nunes, um aliado de Trump que supostamente entregou ao Presidente uma versão “secretamente alterada” do memorando republicano, com “alterações substanciais”, denunciou na quarta-feira o congressista democrata Adam Schiff.
A líder democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, pediu mesmo ao presidente daquele órgão legislativo, o republicano Paul Ryan, que afastasse Devin Nunes da presidência da Comissão de Serviços Secretos, devido às presumíveis modificações do documento.
Segundo vários meios de comunicação, o relatório secreto alega que o ex-espião britânico que escreveu um famoso dossier cheio de pormenores sórdidos sobre Trump, Christopher Steele, deu informações erradas ao FBI.
Com base nessa informação, na primavera de 2017, o FBI decidiu aumentar as suas atividades de vigilância sobre Carter Page, que até setembro de 2016 assessorou a equipa da campanha presidencial de Trump em matéria de política externa, por suspeitar de que era um agente russo.
Rod Rosenstein, o “número dois” do Departamento de Justiça norte-americano, que tinha autoridade sobre a investigação da polícia federal acerca da ingerência russa nas presidenciais dos Estados Unidos, pediu então a um juiz para fazer essa espionagem.
O memorando republicano acusa Rosenstein e o FBI, de acordo com a imprensa, de não terem informado corretamente o juiz que autorizou a operação de vigilância sobre os motivos para pedi-la.
A oposição democrata teme que o Presidente use o relatório como uma desculpa para demitir Rosenstein e, posteriormente, o próprio procurador do ministério público que está a investigar o caso da conspiração russa, Robert Mueller.
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