Os manifestantes, concentrados na emblemática avenida Bourguiba e convocados por um coletivo pró-Saied, desfraldaram faixas com a inscrição “Somos todos Kais Saied” e entoaram palavras de ordem pedindo o julgamento dos políticos “corruptos” que o chefe de Estado constantemente aponta e acusa.
Os manifestantes também vaiaram Rached Ghannouchi, líder do partido islâmico-conservador Ennahdha e presidente do Parlamento dissolvido por Saied.
O Presidente, que assumiu plenos poderes em julho de 2021, é alvo de crescentes críticas de seus opositores que o acusam de estabelecer um regime autoritário que soa a sentença de morte para a nascente democracia no país onde em 2011 ocorreu a primeira revolta que deu início à Primavera Árabe.
Vários partidos da oposição anunciaram no final de abril a criação de uma “Frente de Salvação Nacional” com o objetivo de unir todas as forças políticas para “salvar” a Tunísia da crise em consideram estar mergulhada.
Após meses de impasse político, Saied, eleito no final de 2019, assumiu plenos poderes em 25 de julho, demitindo o primeiro-ministro e suspendendo o Parlamento antes de o dissolver em março passado.
Em fevereiro, Saied dissolveu o Conselho Superior da Magistratura (CSM) para o substituir por um órgão de supervisão judicial “temporário”, cujos membros nomeou.
Em 22 de abril, chamou a si a prerrogativa de nomear o chefe da Autoridade Eleitoral, poucos meses antes de um referendo sobre reformas constitucionais em julho e uma votação legislativa em dezembro.
E no início de maio anunciou o estabelecimento de um “diálogo nacional” esperado há meses, mas do qual excluiu os partidos políticos.
Além do impasse político, a Tunísia enfrenta uma profunda crise socioeconómica e está em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter um novo empréstimo.
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