Na sua intervenção inicial na primeira cimeira UE-Liga Árabe, Donald Tusk deixou uma referência velada aos interesses de Estados Unidos, China ou Rússia na região, ao instar a uma cooperação reforçada entre ‘vizinhos’.

“Estou ciente das diferenças entre nós. Não estamos aqui para fingir que concordamos em tudo, mas enfrentamos desafios comuns e interesses partilhados. Hoje estamos aqui para fortalecer a nossa cooperação para benefício das nossas populações. Precisamos de agir em conjunto e não deixar a ação nas mãos de poderes globais distantes na nossa região”, declarou.

Definindo o encontro que arrancou hoje em Sharm el-Sheikh, no Egito, como especial, por reunir pela primeira vez líderes europeus e árabes numa cimeira, Tusk vincou que os dois blocos devem estabelecer uma parceria “ainda mais forte” para enfrentar os desafios do mundo atual.

“A nossa proximidade e interdependência obrigam-nos a enfrentar os nossos desafios comuns em conjunto e aproveitar as oportunidades reais que a nossa geografia, a nossa história comum e os interesses similares criaram. É por estas razões concretas que temos de nos aproximar. A nossa vizinhança é algo concreto e implica que estarmos próximos não seja uma escolha, mas uma obrigação. Entre vizinhos, há duas formas de coabitação: cooperação ou conflito. Nós escolhemos cooperação”, observou.

E cooperação foi a palavra-chave de um discurso que em que Tusk não esqueceu a importância do diálogo intercultural e da educação na criação de sociedades menos suscetíveis a mensagens do “extremismo violento” e no contraponto ao impacto negativo que “as narrativas populistas” podem ter nas sociedades europeias e árabes.

O político polaco concluiu o seu discurso com uma referência à crise das migrações, o tema que alavancou a realização da cimeira histórica, após mais de 20 anos de tentativas frustradas.

“Quero saudar todos aqueles que suportaram o peso da deslocação das populações, ajudaram refugiados e agiram prontamente para combater o tráfico de pessoas. Temos de trabalhar em conjunto – países de origem, trânsito e destino - para quebrar o modelo de negócio dos traficantes que atraem pessoas para jornadas perigosas e para alimentar a escravatura dos tempos modernos, para abordar as causas primárias das migrações e para travar a migração ilegal e facilitar os regressos, a readmissão e a reintegração”, enumerou.

E o apelo de Tusk não ficou sem resposta, com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, que copreside a cimeira, a dedicar grande parte do seu discurso a lembrar aos líderes europeus o quão importante é o seu apoio para que os países árabes superem desafios como a estabilidade na região, as migrações e o terrorismo.

“Não há soluções mágicas”, pontuou, lamentando que os populismos se relacionem com as migrações e o terrorismo.

Abdel Fattah al-Sisi congratulou-se ainda pela presença de “tantos líderes” - apesar de só 37 dos 49 chefes de Estado e de Governo dos dois blocos terem viajado até à cidade balnear do Mar Vermelho -, considerando a prova da “grande importância” que UE e Liga Árabe dão ao diálogo para fazer face aos desafios comuns.

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