“Se os nossos parceiros nos pedirem para dar uma garantia de que esta ou aquela arma só será utilizada em território ucraniano, nós daremos essa garantia e respeitá-la-emos”, assegurou Kuleba em entrevista à agência francesa AFP.
“Já houve algumas ocasiões em que fizemos tais promessas e cumprimo-las”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia.
Os aliados ocidentais têm fornecido armamento à Ucrânia para se defender da Rússia, que invadiu o país em 24 de fevereiro de 2022, com Moscovo a acusar Kiev de utilizar algumas dessas armas para ataques contra território russo.
Nos ataques recentes contra alvos na região de Moscovo, denunciados pela Rússia, Kiev disse que foram usados aparelhos sem tripulação (‘drones’) de fabrico ucraniano.
Kiev considera, porém, que as cinco regiões ucranianas anexadas pela Rússia são território da Ucrânia, pelo que não viola restrições na utilização de armas ocidentais em ataques na Crimeia, Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson.
A Ucrânia está a usar algumas das armas fornecidas mais recentemente numa contraofensiva lançada em junho que tem registado resultados modestos, como reconhecem as próprias autoridades de Kiev.
Kuleba disse à AFP que a contraofensiva tem como único objetivo a libertação de toda a Ucrânia, independente do tempo que demorar e “custe o que custar”.
“O nosso objetivo é a vitória, a vitória sob a forma da libertação dos nossos territórios dentro das fronteiras de 1991. E não importa quanto tempo demore”, afirmou.
As fronteiras de 1991 são as da Ucrânia independente aquando da queda da União Soviética, que incluem a península da Crimeia anexada pela Rússia em 2014.
Kuleba referiu que a Ucrânia “está a pagar o preço mais alto” no conflito e admitiu cansaço ao fim de um ano e meio de guerra.
Na Ucrânia, “estamos todos cansados”, disse à AFP.
“Eu estou cansado e vocês estão cansados. Somos todos seres humanos. Mas o que está em jogo é demasiado elevado para permitir que o cansaço determine a natureza das nossas decisões”, declarou.
Kuleba disse que a Ucrânia não sente pressões da parte dos aliados para intensificar o ritmo da contraofensiva.
“Há um aumento das vozes de comentadores e especialistas na arena pública. Isso existe, mas todos eles desaparecerão (…) depois da primeira vitória retumbante da Ucrânia no sul ou no leste do país”, considerou.
O ministro admitiu ficar “um pouco irritado” com alguns dos comentários e, ironicamente, aconselhou os mais críticos a juntarem-se à Legião Estrangeira ucraniana para que a contraofensiva decorra “de forma rápida e brilhante”, como têm exigido.
Kuleba reiterou ainda a necessidade de a Ucrânia receber mais armas, apesar de os aliados já terem enviado armamento no valor de dezenas de milhares de milhões de euros.
“Enquanto não ganharmos, vamos precisar de mais armas. Temos de avançar, porque a guerra é uma realidade e, nessa realidade, temos de ganhar”, disse.
“Não há outra solução”, acrescentou.
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