"Criamos uma administração militar para manter a lei e a ordem e atender às necessidades prioritárias da população nos territórios controlados", afirmou Syrsky a Zelensky durante uma reunião.

A estrutura é responsável pelas questões diárias e logísticas do Exército, assim como por garantir a segurança de uma determinada área. A ex-república soviética, independente desde 1991, quer criar uma "zona tampão" nesta região, para "proteger as nossas comunidades fronteiriças dos bombardeamentos hostis diários", anunciou o ministro ucraniano do Interior, Igor Klymenko.

Na mesma reunião, Syrsky fez saber que a Ucrânia aumentou ainda mais a sua presença na Rússia. "No total, desde o início das operações na região de Kursk, as nossas tropas avançaram 35 quilómetros para o interior". "Tomamos o controlo de 1.150 km2 de território e 82 localidades", acrescentou.

Entretanto, Zelensky fez saber através da app Telegram que o exército ucraniano "relatou a libertação completa da cidade de Sudzha dos militares russos". A cidade de 5.500 habitantes é a maior em que as forças ucranianas entraram na sua ofensiva na região de Kursk.

No entanto, a importância desta cidade reside no facto de abrigar o último grande centro de trânsito do gás russo enviado para a Europa através da Ucrânia.

Embora a Europa tenha reduzido consideravelmente a sua dependência de gás russo desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, Moscovo continuou a abastecer o continente através destas infraestruturas no âmbito de um acordo de cinco anos que assinou com Kiev no fim de 2019. A Ucrânia afirmou que não vai renovar este acordo no fim deste ano.

Em sentido inverso, o Exército russo afirmou ter recuperado o controlo da aldeia de Krupets, afirmando em comunicado que "continua a impedir" os ataques ucranianos nesta região.

É a primeira vez desde 6 de agosto que o Exército russo anuncia a recuperação de uma localidade das mãos ucranianas. Também afirmou, como nos dias anteriores, ter infligido grandes perdas às forças ucranianas, por meio de aviação, drones e artilharia. Isso permitiu-lhe "interromper as tentativas de avanço dos grupos móveis" ucranianos.

A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, anunciou que as tropas do seu país planeam "abrir corredores humanitários para a retirada de civis: tanto na direção da Rússia como da Ucrânia", e autorizar o acesso de organizações humanitárias internacionais.

A incursão obrigou à retirada de mais de 120 mil pessoas, causou a morte de 12 civis e mais de cem feridos, segundo autoridades russas.