“Precisamos de nos afastar dos combustíveis fósseis russos e conseguir fontes fidedignas e confiáveis, principalmente para encher os nossos armazéns, e aqui existem boas notícias [pois] atingimos já uma média na União Europeia de preenchimento do armazenamento de 80%”, anunciou Ursula von der Leyen, discurso numa cimeira sobre Segurança Energética em Copenhaga, na Dinamarca.
E sublinhou: “Basicamente já atingimos a quantidade que acordámos para este ano, mas sabemos que ainda vamos aumentar o preenchimento do armazenamento”.
Ainda assim, Ursula von der Leyen vincou que a dependência da UE face aos combustíveis fósseis russos “só acabará se se investir maciçamente em energias renováveis”.
“É por isso que estamos aqui hoje e que propusemos aumentar ainda mais a nossa meta de 2030 para as energias renováveis até 45%”, adiantou a líder do executivo comunitário.
Dados da organização europeia Gas Infrastructure Europe, consultados pela agência Lusa, revelam que o preenchimento das reservas de gás da UE está hoje a 79,94%, com Portugal a ter o seu armazenamento totalmente cheio (100%).
Numa altura em que se teme corte no fornecimento do gás russo à UE, estão em vigor no espaço comunitário novas regras para armazenamento de gás, prevendo que as instalações na UE estejam pelo menos 80% preenchidas até 01 de novembro próximo, devendo os países esforçar-se para chegar aos 85%.
A ideia é evitar uma rutura no inverno, já que os armazéns subterrâneos de gás (que existem em 18 dos 27 Estados-membros) disponibilizam aprovisionamento adicional em caso de forte procura ou de perturbações no abastecimento, reduzindo a necessidade de importar gás adicional ao, habitualmente, fornecerem 25-30% do gás consumido na estação fria.
No final de março passado, a Comissão Europeia propôs uma obrigação mínima de 80% de armazenamento de gás na UE para o próximo inverno, até início de novembro, para garantir fornecimento energético, percentagem que deverá chegar aos 90% nos anos seguintes.
Face a tais obrigações, Portugal e Espanha criticaram a obrigação de armazenamento subterrâneo de gás na UE acima dos 80%, pedindo a inclusão das “circunstâncias específicas da Península Ibérica” e a contabilização do gás natural liquefeito (GNL).
Previsto está agora que o armazenamento subterrâneo de gás no território dos Estados-membros seja abastecido em pelo menos 80% da sua capacidade antes do inverno de 2022/2023 e a 90% antes dos períodos de inverno seguintes.
Coletivamente, o objetivo é o de a UE encher 85% da capacidade de armazenamento subterrâneo de gás em 2022.
Estipulado está também que os países da UE possam “cumprir parcialmente” o objetivo de 90%, contabilizando as reservas de GNL ou combustíveis alternativos armazenados nas instalações.
E, uma vez que só 18 países têm instalações de armazenamento no seu território, os Estados-membros sem instalações de armazenamento devem ter acesso às reservas de outros.
Dos 27, só a Grécia, Chipre, Irlanda, Eslovénia, Lituânia, Finlândia, Estónia, Malta e Luxemburgo não têm infraestruturas para armazenamento de gás.
As tensões geopolíticas devido à guerra da Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.
Em Portugal, o gás russo representou, em 2021, menos de 10% do total importado.
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