À saída de uma reunião dos chefes de diplomacia da União Europeia (UE), durante a qual os 27 voltaram a discutir a política de sanções contra a Rússia devido à sua agressão militar à Ucrânia, João Gomes Cravinho recordou que “aprovou-se na sexta-feira passada um novo pacote de sanções, abrangendo o carvão”, e que abrange também “outros elementos novos, novas individualidades e novas entidades”, mas reconheceu que as sanções não podem ficar por aqui.
“Sabemos que esse não é o fim da história. Isto é, sabemos que haverá mais sanções. Terá de haver uma intensificação das sanções nas próximas semanas, e sabemos também que essa intensificação passará pelo petróleo, e Portugal está alinhado com esse movimento, que tem dimensões técnicas que estão ainda em discussão, mas Portugal apoiará”, afirmou.
Questionado sobre se há um entendimento entre os 27 sobre um eventual embargo total às importações de petróleo, face à grande dependência de alguns Estados-membros, João Gomes Cravinho começou por destacar que “há unanimidade no sentido de se considerar que é necessário intensificar as sanções para obrigar a Rússia a refrear o seu caminho”, mas admitiu que têm de ser tidas em conta diferentes realidades.
“O que acontece, no entanto, é que o impacto das sanções é assimétrico. Não é igual entre Portugal e a Eslováquia, não é igual entre a Itália e a Suécia. E, portanto, essas assimetrias têm de ser tidas em conta. Nós somos um conjunto de países solidário e, portanto, temos de ter isso em conta quando desenhamos o pacote de sanções”, explicou.
Dando conta de “discussões técnicas” em curso para acautelar então as diferentes realidades dos Estados-membros em termos de dependência das fontes de energia da Rússia, o ministro reforçou que “onde há unanimidade entre todos é na ideia de que é necessário intensificar as sanções contra a Rússia”.
Questionado sobre se as sanções que estão a ser pensadas relativamente às importações de petróleo russo são ao nível de um embargo ou da imposição de impostos, João Gomes Cravinho disse que será “mais provavelmente um embargo”, mas insistiu que “as modalidades técnicas estão a ser discutidas ainda”.
A reunião de chefes de diplomacia da UE de hoje teve lugar apenas três dias após a adoção formal, pelo Conselho, do quinto pacote de sanções da UE dirigido a Moscovo, na sequência das atrocidades testemunhadas e atribuídas às forças russas em Bucha e noutras localidades ucranianas, entretanto, libertadas, e que visou pela primeira vez o sensível setor energético, com um embargo às importações de carvão, a partir de agosto próximo.
No entanto, são sobretudo as receitas das exportações de gás e petróleo da Rússia para a UE que mais ajudam Moscovo a financiar a sua máquina de guerra russa – como o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem apontado incessantemente -, razão pela qual a Comissão Europeia já começou a trabalhar nesta área, centrando-se no petróleo, dado vários Estados-membros não poderem prescindir do gás russo nesta fase.
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