Depois de 20 anos de negociações, os dois blocos concluíram negociações para um acordo sem precedentes na relação entre a Europa e a América Latina, anunciou o Governo argentino, que detém a Presidência do Mercosul.
O acordo alcançado em Bruxelas integra um mercado de 770 milhões de habitantes com cerca de 100.000 milhões de euros em comércio bilateral de bens e de serviços.
"O acordo garante os principais objetivos traçados pelos países do Mercosul ao melhorar as condições de acesso de bens e serviços para as nossas exportações ao mesmo tempo que permite um tempo de transição para a abertura comercial de bens e serviços dos europeus", indica o comunicado do Mercosul.
"O acordo transcende os fins meramente comerciais", destaca.
Pela transição negociada, o acordo será aplicado de forma gradual para a adequação das economias de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai à concorrência internacional.
Para os países do Mercosul, os prazos de transição nos seus setores mais sensíveis variam de 10 a 15 anos enquanto para a União Europeia os prazos são imediatos.
O acordo foi fechado depois de 48 horas de intensas negociações entre diversos ministros dos países do Mercosul e a Comissão Europeia, reunidos em Bruxelas. Os representantes dos dois blocos mantinham estreitos contactos com os líderes europeus e sul-americanos reunidos na Cimeira do G20 em Osaka, Japão.
Desde 1999, o Mercosul e a União Europeia mantêm um acordo de comércio livre. As negociações foram interrompidas em 2004 e retomadas em 2010, mas ganharam velocidade a partir de 2016, quando o Mercosul começou a sair do seu confinamento comercial e à medida que os Estados Unidos consolidavam uma postura protecionista na relação com o mundo.
Os sul-americanos vendem, principalmente, produtos agropecuários. Já os europeus exportam produtos industriais, como peças para automóveis, automóveis e farmacêuticos.
Os países europeus que mais resistiam a um acordo eram a França, Bélgica, Irlanda e Polónia receosos da concorrência agropecuária do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Pelo lado do Mercosul, Argentina e, sobretudo, Brasil mantinham resistência quanto a uma abertura industrial dos seus setores mais sensíveis.
Comentários