“Aquilo que foi possível ontem [quinta-feira] foi concretizar as sanções à Bielorrússia e, simultaneamente, demonstrar que, dentro da UE, não é a dimensão que define o estatuto de cada Estado: na UE, somos todos iguais e, quando um Estado como Chipre coloca uma questão essencial, todos têm o dever de a ter em conta e procurar responder às necessidades desse Estado”, sublinhou Costa.
Num processo que demorou 55 dias a ser concretizado, devido ao bloqueio de Chipre, que se recusava a impor sanções aos líderes bielorrussos enquanto não fosse acordado um mecanismo do mesmo tipo para a Turquia, António Costa lembrou que “não havia necessidade de a votação ser por unanimidade, poderia ter sido por maioria qualificada”.
“O Conselho, e todos os restantes Estados-membros, entenderam que não se podia prescindir de tomar uma decisão que tivesse também o apoio do Chipre e que, em caso algum, poderíamos recorrer a uma maioria qualificada que pudesse dar o sinal de que estamos disponíveis para abandonar um dos Estados-membros”, afirmou o primeiro-ministro português.
António Costa sublinhou também a importância da unanimidade na tomada de decisões relativamente à política estrangeira da UE, sublinhando que se trata de um “valor acrescentado”.
“Uma UE a 27 não é propriamente um país que decide por si só e a força da União é que tem este valor acrescentado: não são 27 vozes a falar cada uma por si, são 27 vozes a falarem para dizer a mesma coisa. Dá mais trabalho, leva mais tempo, mas é o valor acrescentado”, disse o primeiro-ministro.
Referindo-se às tensões no Mediterrâneo Oriental, nomeadamente as perfurações ilegais turcas nas zonas económicas especiais da Grécia e de Chipre, António Costa saudou “o espaço de oportunidade aberto” pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, que anunciou a abertura de uma reunião informal entre Chipre e a Turquia este mês.
Justificando a “linguagem diplomática” empregue relativamente à Turquia nas conclusões da cimeira, Costa afirmou os líderes dos 27 não quiseram “adotar uma postura que pudesse dificultar o processo iniciado pela ONU mas que, pelo contrário, desse o sinal de que esse processo é uma janela de oportunidade que todos devem aproveitar para ultrapassar o conflito internacional que já tem largas dezenas de anos”.
Os líderes dos 27 voltam a reunir-se a 15 e 16 de outubro para nova reunião do Conselho Europeu.
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