A Península da Coreia vive hoje um dia complicado. Todos os anos é certo que este dia vai acontecer, e mesmo assim, a tensão entre os dois países é difícil de ser controlada. Hoje, dezenas de milhares de militares sul-coreanos e americanos começaram a efetuar manobras que simulam um ataque norte-coreano. Pyongyang não se deixou ficar e respondeu com a ameaça de um ataque nuclear preventivo.
Estas manobras anuais, batizadas de Ulchi Freedom, têm por base uma simulação em computador, mas mobilizam 50 mil sul-coreanos e 30 mil americanos. Os exercícios contemplam um cenário de invasão norte-coreana. Washington e Seul reiteram que o objetivo é puramente defensivo, mas Pyongyang entende-o como uma provocação.
Pela voz do Exército Popular Coreano (KPA), a Coreia do Norte informou que as unidades mobilizadas na fronteira estão "prontas para fazer bombardeios preventivos de represálias contra as forças ofensivas inimigas envolvidas".
A menor violação da soberania territorial norte-coreana durante estas manobras fará com que a fonte da provocação seja reduzida a "um monte de cinzas por um bombardeio nuclear preventivo", acrescentou um porta-voz do KPA.
O tom agressivo do comunicado foi criticado pelo ministério sul-coreano da Unificação que exigiu ao Norte que "evite qualquer provocação".
Este é, de facto, um ano diferente. A inquietação gerada pelos exercícios de simulação junta-se à tensão acumulada pelos lançamentos de mísseis norte-coreanos nos últimos meses, por causa de um quarto teste nuclear em Pyongyang e pelo desertar de pessoas da Coreia do Norte, entre as quais, o número dois da embaixada norte-coreana no Reino Unido. Especialistas já consideram que as relações entre o norte e sul estão na sua pior fase desde a década de setenta.
O desertar do membro da embaixada levou Park Geun-hye, presidente sul-coreana, a ficar reticente em relação a possíveis reações norte-coreanas. "É muito possível que a Coreia do Norte cometa atentados e provocações (...) para travar toda a agitação interna, dissuadir de qualquer outro desertar, e semear a desordem na nossa sociedade", disse Park numa reunião do seu gabinete.
A responsável acrescentou ainda que o exército sul-coreano está em estado de alerta e que "responderá vigorosamente" a qualquer ação hostil.
As ameaças Pyongyang são frequentes, mas os especialistas consideram que o risco de erro ou de incidente involuntário - que pode ter consequências militares dramáticas - é mais alto face ao isolamento da Coreia do Norte nos últimos meses. O país liderado por Kim Jong-un cortou no início do ano as duas linhas de comunicação que existiam com o Sul, e que eram dedicadas ao exército e ao governo. Em julho, acabou com todos os contactos com o governo norte-americano.
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