Segundo o jornal britânico The Guardian, o assalto decorreu por volta das 05:00 (hora local, 04:00 em Lisboa), tendo os responsáveis conseguido entrar no Palácio Real de Dresden depois de um fogo destruir um transformador elétrico perto do local, interrompendo o sistema de alarme.
Apesar de a eletricidade estar em baixo, uma câmara de vigilância conseguiu captar dois homens a entrar no Museu Grünes Gewölbe (“Cofre Verde”) do palácio. O espaço, datado do século XVI, contém uma das mais importantes coleções de tesouros da Europa.
Segundo Volker Lange, chefe de polícia da cidade de Dresden, os ladrões partiram uma janela e cortaram uma vedação para se dirigir “especificamente” a um expositor da sala de jóias do museu. Apesar de o roubo ter ocorrido quando o transformador estava a arder, os investigadores recusaram-se a vincular os dois eventos.
As autoridades chegaram ao local apenas minutos depois de o assalto ocorrer, mas os suspeitos já tinham escapado. Um carro a arder foi encontrado hoje de manhã na cidade, suspeitando-se que tenha sido o veículo de fuga. A polícia colocou barreiras nas estradas e criou “checkpoints” na entrada de Dresden para evitar que os homens fujam.
Do espólio roubado constam três conjuntos de jóias do século XVIII, incluindo um conjunto de diamantes de corte brilhante que fazia parte da coleção reunida pelo fundador do museu.
O prejuízo poderá ascender a centenas de milhões de euros, mas, de acordo com a diretora do museu, Marion Ackermann, o valor é na verdade “incalculável” porque não é possível ser estimado. “Não lhe podemos dar um valor porque é impossível de vender”, disse Ackermann, apelando também aos ladrões que não partam as peças roubadas para vender porque “o seu valor material não reflete o seu significado histórico”.
Sendo um dos museus mais antigos da Europa, o Grünes Gewölbe inclui várias peças únicas de ourives de grande valor histórico e de riqueza ainda maior, como uma figura de quase 64 centímetros de um mouro incrustado de esmeraldas ou de uma safira de 547,71 quilates oferecida pelo Czar Pedro I da Rússia.
O museu está dividido em duas secções, a “histórica” e a “nova”. Foi na antiga, que inclui mais de três mil peças, que ocorreu o roubo, que está a ser descrito pela imprensa alemã como um dos maiores desde a Segunda Guerra Mundial.
Durante esse conflito, parte do museu foi destruída durante o bombardeamento dos Aliados de 13 de fevereiro de 1945, tendo o Exército Vermelho apreendido uma parte das obras, levadas para União Soviética, antes de ser repatriadas em 1958 para Dresden, uma das principais cidades da antiga RDA.
O palácio, que já era uma grande atração turística desde a sua abertura, em 1724, foi alvo de um processo de reconstrução, tendo a sua reabertura ocorrido num evento muito mediático em 2006.
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