"A catedral não é só um espaço de celebração. É a Igreja do Bispo, onde ele tem a sua cátedra. E é a Igreja mãe de todas as igrejas. Portanto, cada comunidade cristã tem na catedral a sua mãe, enquanto ela não estiver funcional, estamos um bocadinho órfãos", disse à agência Lusa o reitor do Santuário Nossa Senhora de Fátima de Paris, Nuno Aurélio.

À frente de uma igreja de culto mariano na capital francesa, o padre português considera que um ano após o incêndio de 15 de abril que devastou a catedral de Notre Dame, o "trauma" persiste por não haver local de culto que substitua uma catedral e por tocar a todos, crentes e não crentes.

"A catedral de Notre Dame, para além de ser uma igreja de Paris, é um espaço por onde passou a história da França e, para além da França, por onde passou a vida de muitos milhões de pessoas que vêm a Paris e que a visitaram. Daí a consternação, o choque que o incêndio provocou em todo o mundo", indicou Nuno Aurélio.

A data de reabertura da catedral foi estabelecida pelas autoridades francesas para 16 de abril de 2024, cinco anos após o incêndio. Uma meta na qual o padre português, antigo diretor do Secretariado dos Bens Culturais da Igreja entre 1999 e 2007, não tem muita fé.

"Por aquilo que fui ouvindo naquela época, a realidade dos prejuízos na catedral e escutando os especialistas que aqui vão falando nela, não me parece realista que neste prazo de cinco anos seja possível renová-la", considerou.

Nuno Aurélio argumenta que estes trabalhos são "demorados e delicados" já que não se trata de betão. O padre lembra ainda que neste momento, devido à pandemia, o estaleiro das obras se encontra fechado e que ainda nem há "um diagnóstico definitivo" sobre a estrutura da catedral.

"Eu acredito em milagres, mas milagres que envolvem pedras e outras coisas, é mais difícil", concluiu.

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