“Que eu saiba, até este momento, ninguém licenciou, nem ninguém tem autorização, apesar deste licenciamento não passar pela câmara municipal, isto passa pela Direção Geral de Energia e, há cerca de um ano, quando nos solicitaram um parecer sobre a reativação da pedreira, demos um parecer negativo”, esclareceu o presidente da Câmara de Carregal do Sal.
Rogério Abrantes (PS) explicou, perante cerca de 200 manifestantes, que “o parecer foi negativo, porque está inserido numa zona muito sensível da Rede Natura 2000” e a autarquia “tem feito investimentos nos circuitos pré-históricos” localizados na zona.
Os “trilhos são um dos atrativos do concelho e temos feito investimentos neles e andamos a promover todo este local”, disse, recusando que este esforço seja afetado pela circulação de pesados de mercadorias de grandes dimensões.
O autarca referiu ainda os acessos à pedreira, quer a estrada municipal, como também o caminho em terra, que “não estão preparados para este tipo de veículos pesados”, e também “toda a edificação que surgiu nos últimos anos que vai sentir com os rebentamentos que vão existir na pedreira e os pós que vão existir”.
“Há uma série de situações negativas e não entendemos porque é que, volvidos 45 anos, a pedreira vai ser reativada”, desabafou Rogério Abrantes que contou a “surpresa” que sentiu quando, há “sensivelmente dois meses” o informaram que “andavam máquinas no terreno a fazer terraplanagens”.
“Imediatamente enviámos a fiscalização ao terreno a pedir a licença e que tinham de parar a obra até a apresentarem. Nesse mesmo dia ligámos à Direção Geral de Energia e depois realizámos uma reunião na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro, com a direção da energia e a autarquia para debatermos os problemas da reabertura”, contou.
E, segundo explicou, foi nessa reunião que tomou conhecimento que “havia um parecer da CCDR” sobre o caso.
Rogério Abrantes também contou que a autarquia admite avançar com uma providência cautelar contra a pedreira.
A pedreira em causa foi desativada “há cerca de 50 anos”, dizem os habitantes, e situa-se em Fiais da Telha, na freguesia de Oliveira do Conde, no município de Carregal do Sal, e que faz fronteira com a freguesia de Lapa do Lobo, no concelho de Nelas, municípios do distrito de Viseu.
Os habitantes juntaram-se e criaram o movimento juntos contra a pedreira que organizou hoje uma manifestação para apresentarem o “desagrado e revolta” da reabertura desta exploração que dizem ser “um atentado ambiental e para a saúde de quem vive a poucos metros” da pedreira.
“Querem reativar a pedreira e fazer dela um depósito de resíduos de construção civil. Existem casas, vamos ter problemas com os tiros que vão ser dados para a extração das pedras, vão circular pelo meio de aldeia, diariamente, dezenas de carros pesados e se há 30 anos construíram o IC12 para tirarem os camiões da aldeia, não podemos agora andar para trás”, contou o porta voz do movimento.
Rui Lopes disse que a população “está unida contra os pós do granito que são altamente cancerígenos, contra as fissuras nas casas, contra o fim do bem-estar que hoje a aldeia tem e que acabará com a reabertura” da pedreira.
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