
Por volta das 21h de segunda-feira, a polícia entrou na casa da família, no piso térreo de um edifício residencial, alertados por familiares das vítimas, relatou o procurador de Meaux, Jean Baptiste Bladier, à imprensa.
No interior, na "cena do crime, de grande violência", foram encontrados cinco corpos: o da mãe, de 35 anos; e o dos quatro filhos pequenos — uma menina de dez anos, outra de sete anos, um menino de quatro anos e um bebé de nove meses, detalhou Bladier.
"A mãe e as duas meninas foram vítimas de um grande número de facadas", impossíveis de contar, acrescentou.
Não foram encontrados sinais visíveis de lesões nas outras crianças, motivo pelo qual se privilegia a hipótese de asfixia ou afogamento. As autópsias serão realizadas na quarta-feira, em Paris.
Segundo uma fonte policial, confirmada pelo Ministério Público, um importante trabalho de análise de imagens de videovigilância permitiu localizar o suspeito.
Detido na casa de seu pai, em Sevran (subúrbio de Paris), o acusado, de nacionalidade francesa, disse "saber por que estava detido" e mencionou "o seu mal-estar pessoal e depressão", afirmou o procurador.
O suspeito está sob acompanhamento por transtornos depressivos e psicóticos desde 2017. Em sua casa, foram encontradas receitas de calmantes.
A investigação inicial revelou atos de violência anteriores neste casal junto há 14 anos e que oficializou a sua união em outubro de 2023.
O homem não tem "antecedentes criminais", observou o promotor.
"A mãe sustentava a família"
Em novembro de 2019, o suspeito esfaqueou a esposa na omoplata, a um mês e meio de ela dar à luz. A vítima, nascida no Haiti, negou-se a apresentar queixa e recusou a ajuda de uma associação de vítimas de violência.
As autoridades abriram uma investigação, e o cônjuge foi detido, antes de ser internado numa instituição psiquiátrica. O homem alegou não ter a intenção de magoar a sua mulher e disse que a amava, segundo o promotor.
De acordo com Bladier, o caso foi arquivado, devido ao seu estado mental. Um parecer pericial confirmou que o pai de família não tinha mais capacidade de discernimento.
A mãe era "uma pessoa muito boa, muito alegre. Vivia para a sua família. O homem não trabalhava, era ela quem sustentava a família", disse à imprensa Nadine Coulibaly, que se apresentou como a amiga e vizinha que alertou a polícia.
Em média, um feminicídio ocorre a cada três dias em França. No ano passado, 118 mulheres foram assassinadas pelo seu cônjuge ou ex-cônjuge.
No total, 244.300 vítimas de violência de género, a maioria mulheres, foram registadas pelas forças de segurança, um número que representa um aumento de 15% em comparação com 2021.
As associações de defesa dos direitos das mulheres interpretam o aumento como um sinal de que as suas reivindicações estão a ser mais ouvidas.
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