A ideia de construir um "Museu das Descobertas" na cidade de Lisboa, incluída no programa eleitoral de Fernando Medina de 2017, levantou muitas vozes contra, devido, sobretudo, ao nome e ao programa, classificados como “neo-coloniais”.
Quando no dia 16 de julho, o programa “Prós e Contras”, na RTP1, abriu com o debate em torno da criação e denominação de um museu dedicado aos descobrimentos portugueses a discussão já ia longa.
A possibilidade da criação deste museu motivou uma carta aberta, publicada em abril no jornal 'Expresso', de dezenas de historiadores que se opõem ao conceito por trás da designação, porque, afirmam, oferece ao público uma visão profundamente ocidentalizada. “Ter-se-ão os povos africanos, asiáticos e americanos, de histórias milenares, sentido 'descobertos' pelos portugueses? E como se sentirão hoje as populações oriundas desses territórios ao visitarem um espaço museológico que priva os seus antepassados de iniciativa histórica, reduzindo-os ao papel de objecto da acção descobridora, muitas vezes violenta, dos portugueses?”, pode ler-se na carta. O caso teve já várias outras reações – a favor e contra – desde então.
Com a polémica instalada, a ideia da criação do novo museu em Lisboa foi ficando enterrada na agenda pública e do município. Mas há quem não queira tomar esta batalha por esquecida e a pretenda trazer de novo ao debate. Foi com esse propósito que a Nova Portugalidade e a associação Coração em Malaca, que representa em Portugal a comunidade portuguesa de Malaca, na Malásia, enviaram na passada quarta-feira, à Assembleia Municipal de Lisboa uma delegação - composta por Miguel Castelo Branco, Rafael Pina Navarro, Daniel Sousa e Sebastião Beja da Costa - para entregar uma petição intitulada “Lisboa precisa de um Museu dos Descobrimentos, da Expansão e da Portugalidade”.
Com um total de 1.579 assinaturas, ultrapassando em larga medida o mínimo de 150 subscrições para que o tema seja inscrito na “ordem do dia” de uma sessão ordinária da Assembleia Municipal, saltam à vista os nomes de personalidades como Dom Duarte de Bragança, Jaime Nogueira Pinto, João Távora ou Pedro Quartin Graça, entre signatários de diversos países e regiões de língua portuguesa.
A petição diz que a criação do museu é necessária, uma vez que “virá preencher vácuo lamentável, posto não existir após a cessação de actividades da defunta Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (1986-2002) em Portugal, entidade pública com a missão de estudar e divulgar a aventura marítima dos Descobrimentos e da Expansão, movimento que mudou o destino do mundo e que nos irmana às nações e comunidades lusíadas da América, da África e da Ásia”.
Em resposta à carta publicada no 'Expresso', os signatários da petição escrevem que “não se compreende, antes de mais, de que modo seria de desprezar o "ponto de vista português" em acontecimentos de que foram os portugueses pioneiros e protagonistas”, afirmando que seria “lamentável” qualquer tentativa de revisionismo ou invenção do passado, particularmente se apostada em divorciar Portugal da mais importante realização da sua História”.
Ainda sem data definida, apenas se sabe que em breve o tema irá fazer parte de uma sessão da Assembleia Municipal de Lisboa, na qual os primeiros subscritores das mesmas poderão usar da palavra, durante um total de 10 minutos.
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