“Os países da América Latina e das Caraíbas estão a fazer esforços significativos para prevenir os deslocamentos (…), mas as comunidades locais e os países de acolhimento também precisam de apoio”, disse Grandi, pedindo soluções urgentes para a situação.

“Peço aos governos doadores, agências de desenvolvimento, instituições financeiras internacionais e ao setor privado que invistam mais nos países de origem, de trânsito e de destino para apoiar as respostas exemplares que estão a ser dadas na região”, afirmou.

O aumento da violência em alguns países da região, a subida dos preços, as dificuldades económicas causadas pela pandemia de covid-19 e o crescimento da pobreza e do desemprego são alguns dos motivos que obrigam as pessoas a terem de abandonar as suas casas e a irem viver para outros países ou para outras regiões do seu país, referiu o representante.

Grandi especificou os casos da Venezuela, onde o número de migrantes e refugiados é contabilizado na casa dos milhões, e da Colômbia, onde os deslocamentos acontecem sobretudo dentro do país.

Durante a sua viagem – que começou em 12 de dezembro e terminou no dia 16 –, Filippo Grandi participou na reunião anual do Marco Integral de Proteção e Soluções Regionais em Tegucigalpa (Honduras), mecanismo regional destinado a promover a cooperação relativamente aos deslocados à força entre o México e os países da América Central.

Além disso, o Alto-Comissário reuniu-se, nas Honduras, com organizações da sociedade civil que tentam prevenir esses deslocamentos e visitou a Colômbia, onde, “apesar do processo de paz, as pessoas continuam a ser deslocadas pela violência”, relatou.

O representante da ONU encerrou esta deslocação à região com uma visita ao Equador, onde foi testemunha direta de algumas iniciativas locais de integração de refugiados e migrantes de outros países, nomeadamente da Venezuela e da Colômbia.

“Estou convencido de que a melhor maneira de prevenir novos deslocamentos (…) é através do desenvolvimento, o que inclui facilitar a integração e inclusão de refugiados e de outras pessoas deslocadas à força”, concluiu o diplomata italiano.

De acordo com dados publicados em maio pela ONU, o número de refugiados e deslocados no mundo já ultrapassou, este ano, o recorde de 100 milhões de pessoas, mais 10 milhões do que no final do ano passado.

Segundo Filippo Grandi, o conflito na Ucrânia, desencadeado pela Rússia em fevereiro, acrescentou 14 milhões de deslocados (internos e para outros países) ao número anterior.