O relatório, apresentado em Bruxelas, visava analisar a adaptação dos estudantes migrantes ou descendentes de migrantes no seu lugar de destino a partir do relatório Pisa 2015, que avalia os estudantes estrangeiros na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico).

De acordo com o estudo, os fluxos migratórios estão a mudar a composição das salas de aulas: quase um em cada quatro estudantes de 15 anos em países da OCDE é estrangeiro ou tem pelo menos um pai nascido no estrangeiro.

O baixo rendimento académico é uma característica comum na maioria dos estudantes com antecedentes migratórios: enquanto três em cada quatro estudantes nacionais de países da OCDE e da União Europeia tinham, em 2015, um nível básico nas três principais vertentes de Pisa – leitura, matemática e ciência -, entre os alunos com antecedentes migratórios só seis em cada dez chegavam a esse nível.

Uma diferença que aumenta no caso dos migrantes de primeira geração (estudantes nascidos no país para onde os pais migraram), entre os quais apenas 49% chegam a níveis académicos básicos, face a 72% de nacionais.

A maior diferença regista-se na Finlândia (42 pontos), onde 83% dos estudantes nacionais alcançaram níveis académicos de referência, mas só 41% de migrantes de primeira geração o conseguiram.

Além da resposta académica, o relatório refere a capacidade de adaptação social e aponta que 41% dos migrantes de primeira geração mostram um fraco sentimento de pertença, comparado com 33% dos estudantes sem nenhum antecedente migratório.

O Kosovo, o Líbano e a Holanda são os países com um maior sentimento de pertença à sua escola por parte dos migrantes de primeira geração, enquanto a Letónia e o Brasil são os que têm maior diferença em relação aos nacionais.

O relatório também analisa o grau de satisfação com a vida como medida do grau de bem-estar “subjetivo” dos estudantes.

De acordo com os dados, 31% dos estudantes migrantes de primeira geração declararam estar pouco satisfeitos com a sua vida, percentagem que no caso dos nacionais se reduz para 28 por cento.

Uma das fontes de ‘stress’ mais citadas pelos adolescentes é a ansiedade relacionada com as tarefas e exames escolares, assim como a pressão e preocupação com as notas.

Entre os estudantes nacionais dos países da OCDE, 61% mostraram níveis de ansiedade relacionados com o trabalho escolar, seis pontos percentuais menos do que os seus companheiros migrantes.