Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, ligou a Sergey Lavrov, o ministro russo das Relações Exteriores, para falar sobre a libertação de Evan Gershkovich, jornalista do Wall Street Journal. Blinken intercedeu ainda por outro norte-americano detido na Rússia, Paul Whelan.

Segundo a Associated Press, Blinken manifestou uma "grave preocupação" pela detenção de Evan Gershkovich, acusado de espionagem, pedindo pela sua libertação imediata.

Segundo o FSB, a agência de segurança russa que sucedeu do KGB, Gershkovich estava a reunir informação sobre um complexo militar industrial, o que levou à sua detenção na semana passada.

Esta foi a primeira vez deste a guerra fria que um correspondente de um meio de comunicação social foi detido sob acusações de espionagem.

O secretário de Estado norte-americano urgiu ainda à libertação de Paul Whelan, que terá sido erradamente detido. Os dois diplomatas terão falado sobre o caso deste norte-americano também no início de março, à margem da reunião do G20.

Whelan, do Michigan, está detido na Rússia desde dezembro de 2018, também sob acusações de espionagem, algo que tanto a família como o governo norte-americano considera não ter qualquer fundamento. O executivo de uma empresa de segurança está atualmente a cumprir uma pena de 16 anos de cadeia.

Durante a conversa entre as partes, Lavrov "chamou à atenção de Blinken para a necessidade de se respeitarem as decisões das autoridades russas", acrescentando que, segundo essas mesmas autoridades, Gershkovich foi apanhado "em flagrante".

O ministro russo das Relações Exteriores pediu ainda que as autoridades e os meios de comunicação social norte-americanos deixassem de politizar a detenção do jornalista, dizendo que "o seu futuro será determinado pelos tribunais".

O departamento de Estado norte-americano, por sua vez, considera a detenção do jornalista inaceitável. As autoridades consulares norte-americanas requisitaram uma visita ao detido, mas até agora o pedido não teve resposta.

Estas conversações têm lugar após a libertação, no final do ano passado, da basquetebolista norte-americana Brittney Griner, presa na Rússia desde fevereiro desse ano, no âmbito de uma troca de prisioneiros entre os dois países.