A quatro metros de profundidade está a antiga cidade romana de Baiae. Hoje em dia, o local é uma atração turística, conta o The Guardian, ainda com vestígios das casas de luxo da estância balnear que ali existiu em tempos — como estátuas (ou as suas réplicas), mosaicos e ruínas de palácios e balneários construídos para imperadores.

Nadar entre as ruínas é uma viagem no tempo: os mosaicos datam do século III e são apenas uma pequena parte dos vestígios descobertos desde que Baiae, agora um vasto parque arqueológico submerso, começou a emergir da sua sepultura aquática, com trabalhos que ainda decorrem.

"Foi incrível", disse o arqueólogo Gallochio, que gere o parque subaquático. "Só nesta área encontrámos 20 quartos. Ainda há muito por descobrir, mas é um trabalho que levará anos", completou.

Reza a história que os residentes locais sempre tiveram a sensação de que algo especial estava debaixo daquelas águas, já que de vez em quando surgiam relíquias romanas antigas. Por isso, durante uma operação de dragagem ao largo de Pozzuoli, o líder fascista italiano Benito Mussolini sugeriu drenar a área para ver que outros tesouros poderiam surgir.

Nos anos 40, num dia claro, Raimondo Baucher, piloto da força aérea italiana, avistou na zona o que descreveu como uma "estranha cidade fantasma", enquanto sobrevoava baixo o que outrora foi o porto de Portus Julius. Fotografias aéreas tiradas por Baucher — também um pioneiro do mergulho livre — identificaram com excepcional clareza a forma das paredes, colunas de mármore, estradas e pavimentações elaboradas.

"A água estava a cerca de um metro e meio de profundidade e, como o céu e o mar estavam tão claros naquele dia, deu para ver que algo estava por baixo", disse Gallochio. "As suas fotografias revelavam um mundo que até àquele momento era desconhecido — apenas os locais suspeitavam que algo estava lá, mas não sabiam o quê".

Com a evolução dos trabalhos, que ocorrem desde a década de 1980, veio a perceber-se que Baiae era o Monte Carlo da antiga era romana: um lugar onde os ricos e poderosos iam para desfrutar do clima ameno, beber vinho, comer ostras e desfrutar de todos os prazeres imagináveis, conta o arqueólogo.

Baiae foi construída nas encostas do vulcão Campi Flegrei e a sua atração inicial foram as fontes termais. "Era uma cidade termal, onde as pessoas acreditavam que qualquer doença podia ser curada", disse Gallochio. "O Imperador Adriano morreu em Baiae: provavelmente veio para cá no final da sua vida enquanto procurava uma cura final".

O local é uma área marinha protegida desde 2002. Antes disso, muitas relíquias foram pilhadas e vendidas no estrangeiro — e uma acabou no Museu Getty, em Los Angeles. Hoje em dia, o local é rigorosamente controlado por câmaras de circuito fechado, e um esquadrão de mergulho da polícia italiana efetua controlos regulares.

Além da possibilidade de mergulhar na zona, as autoridades do parque estão também a experimentar a possibilidade de deixar os visitantes ver as ruínas de um barco com fundo de vidro, partindo de Pozzuoli.