“Estou aqui para mostrar o meu descontentamento com o facto de Portugal convidar o Presidenta da República de Angola, uma vez que João Lourenço é antidemocrata e um ditador, e no entanto é convidado para a festa da democracia”, disse à Lusa a manifestante Finúria Silvano, que em conjunto com cerca de uma dezena de manifestantes entoavam “Lourenço é ditador”.
“Em Angola não temos condições nenhumas, e o Presidente vem aqui, desfila, gasta um balúrdio só para a viagem, enquanto há pessoas a morrer nos hospitais por falta de medicamentos, não há educação, não há saneamento, nós não temos nem o básico”, disse a manifestante, considerando que Portugal está a legitimar um ditador pelo convite para a celebração dos 50 anos do 25 de Abril, numa cerimónia que decorre no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
João Lourenço, concluiu, “só ganhou as eleições metendo armamento na rua, há fotos, não podemos sair para manifestações senão morríamos, em Angola se alguém fala uma verdade, é morto, não há democracia, não há liberdade de expressão, as televisões são compradas e temos de fazer tudo nos nossos telefones, felizmente há internet, porque se isto [a conversa com a Lusa] fosse em Angola, não podíamos falar, já havia tiros e alguém já estava na cadeira”.
Entre as várias palavras de ordem que estes manifestantes iam entoando, ouvia-se também: “Só queremos um pagamento de Portugal, que é Portugal deixar de apoiar Angola e as suas atrocidades”, numa aparente resposta às declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, na quarta-feira.
“Temos de pagar os custos. Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isto”, afirmou o Presidente português, citado pela agência Reuters, na terça-feira, num jantar com correspondentes estrangeiros em Portugal.
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