“Qualquer intervenção militar irá agravar dramaticamente a situação e deve ser evitada”, advertiu o chefe da diplomacia europeia após a reunião de emergência realizada por videoconferência com os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 para discutir a crise no Líbano.

“Uma intervenção militar [israelita] agravaria uma situação que já é dramática”, disse o alto representante da UE.

O alto representante acrescentou que os 27 governantes concordaram que Israel tem o direito à sua autodefesa, mas exortaram que tem de o fazer “em cumprimento do direito humanitário internacional”.

As palavras de Borrell vão no mesmo sentido das posições dos Estados Unidos e da França, que apelaram a Israel para não lançar uma incursão terrestre no Líbano.

“As armas devem ser silenciadas e a voz da diplomacia deve ser ouvida por todos. Os foguetes do Hezbollah devem parar e a soberania de Israel e do Líbano deve ser garantida”, defendeu Borrell, que insistiu num cessar-fogo e na necessidade de evitar uma guerra total no Médio Oriente.

Israel intensificou os bombardeamentos contra o Líbano, matando grande parte dos dirigentes da milícia Hezbollah, incluindo o seu secretário-geral, Hassan Nasrallah. As autoridades libanesas registaram mais de mil mortos na campanha.

Oficialmente, e em Jerusalém, o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, insistiu hoje que Israel está disposto a fazer tudo para travar os ataques do Hezbollah e devolver os deslocados ao norte, e alertou que “a “próxima fase da guerra começará em breve”.

O receio de uma ofensiva terrestre aumentou ainda mais nas últimas horas, após a publicação de vários relatos na imprensa norte-americana que sugerem que Israel já realizou incursões limitadas do outro lado da fronteira.

O Hezbollah confirmou no sábado a morte do líder do movimento xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, horas depois de o exército israelita ter anunciado que o líder xiita pró-iraniano tinha morrido no bombardeamento da sede da organização na sexta-feira, nos subúrbios sul de Beirute.

Israel já tinha matado este mês o chefe das operações militares e das forças de elite, Ibrahim Aqil, num outro ataque em Beirute.

Israel e Hezbollah estão envolvidos num intenso fogo cruzado diário desde 07 de outubro de 2023, após o ataque do Hamas em solo israelita que desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza, levando a que dezenas de milhares de pessoas tenham abandonado as suas casas em ambos os lados da fronteira israelo-libanesa.

Os ataques de Israel contra o Hezbollah intensificaram-se de forma substancial nos últimos dias, após as autoridades militares de Telavive terem anunciado uma deslocação das operações da Faixa de Gaza para o norte do país.

O Hezbollah integra o chamado “Eixo da Resistência”, uma coligação liderada pelo Irão de que fazem parte também, entre outros, o grupo extremista palestiniano Hamas e os rebeldes huthis do Iémen.