"É um desafio de urgência. Há urgência. Não podemos perder tempo na resolução dos problemas concretos dos europeus. Sobretudo, porque vivemos um período de crescimento e de criação de emprego. É neste período que temos de resolver outros problemas: desigualdades, problemas sociais, migrações, preparar o futuro financeiro. É agora", afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas, no Castelo de Riga, na Letónia, no final da 14.ª reunião do Grupo de Arraiolos, que junta chefes de Estado da UE sem poderes executivos.
Questionado se teme que o crescimento económico desapareça, respondeu: "Não é temer, é que temos de fazer tudo para que ele não desapareça. Isso prepara-se, isso previne-se".
No que respeita às dívidas soberanas dos Estados-membros, segundo o Presidente da República, é essencial "haver mecanismos que possam antecipar o aparecimento de crises", pois "o que aconteceu da última vez é que não havia".
O chefe de Estado referiu que "houve que inventar fundos à última da hora, houve que inventar mais poderes do Banco Central Europeu (BCE) para além daqueles que teoricamente estavam previstos nos tratados, houve que criar instrumentos ou formas de atuação, porque se acreditava que não haveria crises".
"Hoje, que sabemos que pode haver crises, mais vale prevenir as crises do que estar a improvisar outra vez em cima da hora", advertiu.
Quanto ao quadro financeiro plurianual da UE, no seu entender, "se é deixado para depois das eleições europeias fica uma incerteza muito grande".
É igualmente urgente "fechar o 'Brexit' dentro do prazo, naquilo que é essencial, e fechar bem", apontou Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que "há condições para fechar bem".
Nas eleições para o Parlamento Europeu do próximo ano, "aquilo que se deseja é uma forte participação dos europeus no voto, um debate muito aberto e em que aqueles que defendem a Europa com uma reforma profunda, uma Europa atenta aos europeus, ganhem uma voz mais forte", disse.
De acordo com o Presidente da República, nesta reunião do Grupo de Arraiolos "houve a noção exata de que é muito importante para a UE um Parlamento Europeu que não fique muito fragmentado e uma Comissão Europeia que seja forte".
"Que não demore muito tempo a formar-se, e que seja forte - porque, se não, a própria transição financeira, de pacotes financeiros, sofre", completou.
Marcelo Rebelo de Sousa, que ouviu o Presidente da Grécia manifestar a esperança de que nas eleições europeias os cidadãos digam que os populismos "não passarão", declarou que essa é "uma preocupação comum" aos chefes de Estado do Grupo de Arraiolos.
A UE "é um projeto que muitos na Europa não estão a perceber, ou estão a criticar ou estão a atacar mesmo", considerou.
No entanto, advogou que não basta dizer "não passarão", é preciso analisar as causas do surgimento dessas correntes e criar condições para que não ganhem espaço, com ações que demonstrem que "os líderes europeus estão mais próximos dos cidadãos, resolvem os problemas".
O Presidente da Hungria, János Áder, do mesmo partido do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, o Fidesz, não esteve presente nesta 14.ª reunião do Grupo de Arraiolos.
Nas declarações finais do encontro, o Presidente do país anfitrião, Raimonds Vjonis, do Partido Verde Letão, disse que János Áder não veio porque "tinha uma agenda apertada" e Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que "não há significado particular" nessa ausência.
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