“A segurança das crianças não pode ficar suspensa”, alertou a diretora executiva da Unicef Portugal em declarações à agência Lusa frisando que apesar deste período excecional que se vive em Portugal e no mundo “as crianças não podem ficar num limbo”.
Uma das recomendações da Unicef, adiantou Beatriz Imperatori, é que o apoio que era dado a estas crianças sinalizadas como de risco seja considerado essencial assim como o serviço social inerente a esta condição.
“É fundamental que aconteça. A pressão é muita neste momento com muitas pessoas dentro de espaços pequenos, tudo leva a que a violência aumente”, frisou.
A Unicef defende que deve ser garantida a adoção de planos de contingência social dos serviços sociais para crianças, dotando-os de competências e recursos financeiros e humanos adequados para assegurar a continuidade do acompanhamento presencial junto das crianças em risco ou perigo e das que precisam de intervenção especializada (crianças com deficiência; crianças e jovens em acolhimento), tendo em conta o seu interesse superior.
Já em 1 de abril o Instituto de Apoio à Criança alertava que, num período de confinamento devido à pandemia Covid-19, as crianças são o elo mais fraco, apelando para o uso da linha SOS criança 116 111 em caso de situações de risco.
Manuel Coutinho, secretário-geral do Instituto de Apoio à Criança (IAC), disse em declarações à agência Lusa que a questão do confinamento sem termo à vista a que as crianças e jovens estão sujeitos é uma situação que do ponto de vista social e emocional preocupa bastante o Instituto de Apoio à Criança, porque “há muitas crianças e jovens que dentro das famílias não têm a melhor qualidade de vida que deviam ter”.
Durante o mês de março a Guarda Nacional Republicana registou 938 denúncias por violência doméstica (menos 26% do que em período homólogo de 2019) tendo detido 76 suspeitos e apreendido 97 armas.
A GNR considera que o período de maior isolamento social pode suscitar um desfasamento mais acentuado entre o número de denúncias e o número de crimes praticados, pelo que anunciou que através dos Núcleos de Investigação a Apoio a Vítimas Específicas (NIAVE), tem intensificado os contactos com as vítimas identificadas, no sentido de promover, se necessário, um ajustamento das medidas de proteção das vítimas.
Para a diretora executiva da Unicef, esta redução do número de queixas não é um dado que a deixe descansada, considerando que podem revelar que os mecanismos não estão a funcionar neste novo contexto de pandemia.
Por isso insiste, no que respeita às crianças, tem de existir acompanhamento presencial das equipas.
“Apelo a que este cuidado com as crianças que estão em risco continue e se mantenha. Não podemos achar que o olhar de um amigo ou de um vizinho é suficiente. As visitas presenciais existem por alguma razão”, frisou.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil e em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes e 13.141 casos de infeções confirmadas.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.
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