“As crianças que vivem em zonas de conflito no mundo continuaram a sofrer níveis extremos de violência durante os últimos 12 meses e o mundo continuou a falhar-lhes”, afirmou o diretor dos programas de emergência do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Manuel Fontaine, num comunicado divulgado a partir de Nova Iorque.
Segundo a agência da ONU, “as crianças que vivem em países em guerra têm sido alvos diretos de ataques, têm sido usadas como escudos humanos, foram mortas, mutiladas ou recrutadas para combater”.
E, acrescentou a organização, práticas como “violações, casamentos forçados e sequestros tornaram-se táticas comuns” em zonas marcadas por conflitos, como é o caso da Síria, Iémen, República Democrática do Congo, Nigéria, Sudão do Sul ou Myanmar (antiga Birmânia).
“Durante demasiado tempo, as partes em conflito têm cometido atrocidades com quase total impunidade e a situação está a piorar. Pode-se e deve-se fazer muito mais para proteger e cuidar das crianças”, acrescentou Fontaine.
A organização sustenta tais declarações com vários dados recolhidos, dos quais destacou as cerca de cinco mil crianças mortas ou mutiladas no Afeganistão ou as 4,2 milhões de crianças em risco de desnutrição aguda grave na República Democrática do Congo.
A UNICEF também lembrou as 1.800 crianças recrutadas na Somália, os 870 menores mortos na Síria e os outros 1.427 menores mortos ou mutilados em ataques no Iémen.
À escala mundial, a organização apontou no mapa os países ou regiões onde o sofrimento de milhares de crianças é uma realidade: Afeganistão, Camarões, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Iraque, bacia do Lago Chade, Mali, Burkina Faso, Níger, Myanmar, nordeste da Nigéria, Palestina, Israel, Sudão do Sul, Somália, Síria, leste da Ucrânia e Iémen.
Perante tal cenário, a UNICEF apelou “a todas as partes em conflito para que cumpram o Direito Internacional Humanitário e que parem imediatamente as violências contra crianças”, bem como pediu que os ataques contra “infraestruturas civis, como escolas, hospitais ou sistemas de água, deixem de ser um objetivo”.
A organização, que recorda que em 2019 se assinala o 30.º aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança, insistiu que “é necessário fazer muito mais para evitar as guerras e para travar os numerosos e desastrosos conflitos armados que estão a devastar a vida de crianças”.
“Mesmo que as guerras continuem, nunca devemos aceitar ataques contra crianças”, concluiu Manuel Fontaine.
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