Trata-se do primeiro grupo de um total de 500 menores não acompanhados, que deixaram hoje a Grécia e vão ser recolocados em Portugal.

"Estas crianças que fugiram da violência, do conflito e da pobreza, sobreviveram a viagens perigosas e permaneceram em condições desumanas em instalações de acolhimento completamente lotadas”, recordou a Unicef em comunicado, acrescentando que agora terão, finalmente, “uma oportunidade justa de construir um futuro melhor.

Citada no documento, a diretora executiva da Unicef Portugal, Beatriz Imperatori, referiu que a pandemia de covid-19 “dificultou os esforços” de recolocação de crianças refugiadas e migrantes. “Hoje, porém, torna-se evidente que é possível cumprir o compromisso assumido para com estas crianças, a sua proteção e bem-estar, respeitando, simultaneamente, todas as recomendações e medidas de saúde públicas necessárias durante a crise sanitária”, lê-se no documento.

A responsável defende que a União Europeia deve “encorajar outros estados membros” a adotarem medidas semelhantes.

A Unicef Portugal participou na formação da equipa técnica da Cruz Vermelha Portuguesa responsável pelo acolhimento das 25 crianças que agora chegam a Portugal.

A representação em Portugal da agência da ONU para a infância apelou para que seja considerada “uma integração de plenos direitos”, para que todas as crianças refugiadas e migrantes vindas da Grécia possam viver em segurança, em Portugal, após anos de fuga e incerteza.

“O princípio do superior interesse da criança deve ser a principal prioridade do seu acolhimento e integração na sociedade portuguesa”, sublinhou a organização.

A Unicef está neste momento a trabalhar para impedir a propagação do novo coronavírus entre as populações refugiadas e migrantes nas ilhas gregas e no continente europeu.

O trabalho inclui a aquisição de materiais essenciais, a promoção de práticas de higiene que ajudem a prevenir a propagação do vírus em abrigos, campos de refugiados e outros locais de alojamento, a elaboração de informação fidedigna para crianças sobre a covid-19, incluindo materiais que abordem o estigma e a discriminação.

A nível global, a Unicef tem a decorrer um pedido de 133 milhões de dólares para proteger as crianças vulneráveis e as famílias, incluindo crianças refugiadas e migrantes, na região da Europa e da Ásia Central, do impacto da pandemia global.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 538.000 mortos e infetou mais de 11,64 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.629 pessoas das 44.416 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.