“Precisamos, pelo menos nas urgências de maior volume, de ter equipas dedicadas, que sejam adequadamente recompensadas do ponto de vista remuneratório e que tenham uma perspetiva de futuro para a sua vida”, afirmou Manuel Pizarro no encerramento da primeira edição do SNS Summit, que decorreu no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
O governante reconheceu esta necessidade de reorganizar os serviços de urgência do Serviço Nacional de Saúde (SNS), alegando não ser possível ter “tudo aberto em todos os sítios em todas as horas, seja qual for a dimensão da procura” por parte dos utentes.
“Quando falamos de reorganizar não falamos de encerrar”, assegurou Manuel Pizarro, ao adiantar que, no caso da área metropolitana de Lisboa, “vão ficar abertas sete urgências pediátricas” em permanência.
Segundo disse o ministro, esta solução vai permitir ganhar capacidade de resposta, porque as “coisas vão funcionar de forma articulada, sem falhas e sem quebras”.
De acordo com o ministro, Portugal regista mais de 600 recursos à urgência por mil habitantes/ano, quando o “padrão dos países evoluídos” oscila entre os 350 e 400.
Perante estes números, Manuel Pizarro defendeu que devem ser criados ”mecanismos de procura alternativa” que consigam convencer os utentes que “são bons de utilizar”, apontando o exemplo dos “mais de 220 locais abertos” no âmbito do plano sazonal do inverno, que teve um “sucesso parcial”.
Na conferência promovida pela direção executiva do Serviço Nacional de Saúde, o governante considerou ainda que “grande parte dos problemas” desses serviços, “verdadeiramente, não é um problema da urgência”.
“Não se pode aceitar que os hospitais tenham as enfermarias cheias de doentes que já não deviam estar no hospital. Essa resposta está ao nosso alcance”, assegurou o ministro da Saúde, ao reconhecer que há serviços de urgência que, durante semanas consecutivas, têm “100 e 110 pessoas na sala de observações”.
Segundo disse, a solução para as altas sociais passa, em parte, pelo “alargamento rápido da rede nacional de cuidados continuados integrados”, através dos investimentos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mas também por generalizar o programa com as instituições privadas de solidariedade social e misericórdias.
“Mas manifestamente isso não chega”, disse Manuel Pizarro, que anunciou que, a partir do início de abril, o hospital de Santana, na Parede, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, vai funcionar como hospital de retaguarda, atendendo nesta fase 30 pessoas e com uma capacidade posterior até cerca de 100 utentes.
Na sua intervenção, o ministro da Saúde recusou ainda que o SNS esteja a “definhar”, alegando que, em 2022, realizou 53 milhões de consultas e 758 mil cirurgias, os “maiores números de sempre”.
Manuel Pizarro destacou ainda os dados da hospitalização domiciliária, área em que em 2022 foi ultrapassada “em dobro a meta do PRR traçada para 2024”, com 9.000 doentes tratados em casa.
“Construímos um hospital maior do que o de Vila Franca de Xira sem gastar tijolos nem cimento e só com o empenho dos profissionais do SNS”, salientou o ministro.
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