Todos os casos confirmados pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) são em homens entre os 19 e os 61 anos, tendo a maioria menos de 40 anos, refere a DGS no seu ‘site’, adiantando que casos identificados se mantêm em acompanhamento clínico, encontrando-se estáveis.

“A maioria das infeções foram notificadas, até à data, em Lisboa e Vale do Tejo, mas também há registo de casos nas regiões Norte e Algarve”, informa a autoridade de saúde, acrescentando que a informação recolhida através dos inquéritos epidemiológicos está a ser analisada para contribuir para a avaliação do surto a nível nacional e internacional.

Num documento publicado no 'site' sobre a doença, a DGS aconselha a quem tiver sintomas e sinais compatíveis com a doença, e sobretudo se tiver tido contacto próximo com alguém que possa eventualmente estar infetado, para entrar em contacto com centros de rastreio de infeções sexualmente transmissíveis, recorrer a serviços de urgência para aconselhamento e avaliação ou ligar para a Linha SNS 24 (808 24 24 24).

Entretanto, as autoridades de saúde anunciaram também que um trabalho da "equipa multidisciplinar de gestão do alerta de infeção humana por vírus Monkeypox (VMPX)" da DGS foi publicado no "Europe’s journal on infectious disease surveillance, epidemiology, prevention and control".

Este artigo, chamado "Ongoing monkeypox virus outbreak, Portugal, 29 April to 23 May 2022", agrega "os resultados preliminares da investigação num país onde a doença não é endémica".

"Os resultados deste estudo assinalam a necessidade de uma investigação epidemiológica adicional e contínua e destacam a importância do fortalecimento de mecanismos que promovam a deteção precoce de condições clínicas atípicas – especialmente no contexto de doenças zoonóticas", adianta a DGS.

"Neste artigo pode encontrar-se ainda a timeline do surto e a sua descrição epidemiológica, bem como um relato das medidas que foram tomadas, desde cedo, na área da resposta de saúde pública – com destaque para a criação de uma equipa de gestão do alerta de infeção, responsável por coordenar a resposta, investigar o surto e efetuar o rastreio de contactos", lê-se ainda na nota de divulgação.

Alguns dos dados revelados mostram como, dos 27 casos iniciais em Portugal, todos eram homens, a grande maioria da região de Lisboa e Vale do Tejo, e 14 deles já tinham previamente o vírus do HIV. Três necessitaram de internamento hospitalar.

Entre os sintomas mais frequentes estiveram exantema, linfadenopatia inguinal e febre. Astenia, dor de cabeça, úlceras genitais, vesículas genitais,  úlceras anais, mialgia, vesículas anais, linfadenopatia cervical e linfadenopatia axilar foram outros sintomas identificados.

A DGS alerta que a infeção pode ser transmitida de uma pessoa para outra através de contacto físico próximo, incluindo contacto sexual. "Atualmente não se sabe se o vírus monkeypox pode ser transmitido através de sémen ou fluidos vaginais, mas o contacto direto, pele com pele, com lesões em práticas sexuais pode transmiti-lo", sublinha no documento.

Os sintomas mais comuns são febre, dor de cabeça intensa, dores musculares, dor nas costas, cansaço, aumento dos gânglios linfáticos com o aparecimento progressivo de erupções que atingem a pele e as mucosas.

As lesões cutâneas geralmente começam entre um a três dias após o início da febre e podem ser planas ou ligeiramente elevadas, com líquido claro ou amarelado, e acabam por ulcerar e formar crostas que mais tarde secam e caem, refere a DGS.

“O número de lesões numa pessoa pode variar, tendem a aparecer na cara, mas podem alastrar-se para o resto do corpo e mesmo atingir as palmas das mãos e plantas dos pés. Também podem ser encontradas na boca, órgãos genitais e olhos”, informa, acrescentando que estes sinais e sintomas geralmente duram entre duas a quatro semanas e desaparecem por si só, sem tratamento.

Na orientação que define a abordagem clínica e epidemiológica da doença, a DGS refere que os casos suspeitos devem ser referenciados rapidamente para observação médica e os contactos assintomáticos podem continuar a manter as suas rotinas diárias, não necessitando de isolamento, mas durante o período de vigilância devem evitar viagens longas para que “possa ser mais exequível e mais rápido o isolamento”, na eventualidade de aparecimento sintomas.

No âmbito das medidas de saúde pública, a DGS recomenda que, perante um caso suspeito, provável ou confirmado, deve proceder-se ao isolamento e manter o distanciamento físico até à resolução das lesões (queda das crostas), assim como privar-se de permanecer no mesmo espaço se coabitar com crianças pequenas, grávidas e pessoas imunodeprimidas.

Entre outras medidas, deve ainda ser mantida abstinência sexual e privação de contactos próximos, garantida a higienização e desinfeção de objetos de uso pessoal, vestuário, roupas de cama, atoalhados e superfícies do espaço doméstico e limpas as superfícies duras com detergentes com cloro, deixando secar ao ar.