“A pedido da família de Liu Xiaobo”, o hospital de Shenyang (nordeste da China), onde está hospitalizado o dissidente “convidou os principais especialistas mundiais em cancro do fígado, dos Estados Unidos, da Alemanha, e de outros países, para se deslocarem à China” para o examinar, indicou em comunicado o gabinete dos assuntos judiciários de Shenyang.
O ativista foi condenado em 2009 a 11 anos de prisão por subversão.
Vários países tinham pedido a Pequim para autorizar Liu Xiaobo a viajar para o estrangeiro para tratamento médico, um pedido também manifestado por organizações não-governamentais e de defesa dos direitos humanos.
Também em Hong Kong, na semana passada, durante a visita à cidade do Presidente chinês, Xi Jinping, foram realizados vários protestos a pedir a libertação incondicional do ativista chinês e da mulher, Liu Xia, colocada em prisão domiciliária em 2010, depois da atribuição do Nobel ao marido, embora nunca tenha sido acusada de qualquer crime.
Símbolo da luta pela democracia na China, Liu Xiaobo foi condenado depois de ter sido um dos promotores da chamada “Carta 08”, um manifesto a favor da introdução de reformas políticas democráticas e do respeito pelos direitos humanos no país, subscrito inicialmente por mais de 300 intelectuais, inspirado na “Carta 77” lançada por Vaclav Havel na antiga Checoslováquia socialista.
Professor de Literatura na Universidade de Pequim, Liu escreveu sobre a sociedade e a cultura chinesas, centrando-se na democracia e nos direitos humanos e era influente no meio intelectual.
Liu foi um dos animadores do movimento estudantil pró-democracia da Praça Tiananmen, em 1989, tendo estado preso durante 21 meses após a violenta repressão dos protestos.
Em 1996, foi condenado a três anos de “reeducação através do trabalho”, em resultado de mais ações de luta pelos direitos fundamentais.
Foi novamente detido a 08 de dezembro de 2008, dois dias antes da publicação, por ocasião do 60.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da “Carta 08”, embora a data formal da detenção tenha sido 23 de junho de 2009, por suspeita de “alegadas ações de agitação destinadas a subverter o Governo e derrubar o sistema socialista”.
Em 09 de dezembro de 2009 foi oficialmente acusado de “incitar à subversão do poder do Estado” e a 25 do mesmo mês, após um julgamento que não cumpriu os padrões processuais internacionais mínimos, foi condenado a 11 anos de cadeia.
O Comité Nobel norueguês atribuiu-lhe, a 08 de outubro de 2010, o galardão da Paz, em reconhecimento da “longa e não-violenta luta pelos direitos humanos fundamentais na China”.
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