“Portugal perdeu um dos seus principais cidadãos, um lutador intemerato e incansável pela liberdade, pela democracia, pela justiça, pela igualdade, pela paz, pela solidariedade, isto é, pelos direitos humanos”, escreve Vasco Lourenço na página da rede social Facebook da associação a que preside.

Para Vasco Lourenço, “a Europa perdeu o principal obreiro da adesão de Portugal à União Europeia, tal como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa vê partir quem, depois de ter contribuído decisivamente para o fim do colonialismo e para a consumação das independências, foi o grande impulsionador da organização que esses oito países construíram”.

“Mário Soares continuará como uma das grandes referências de Portugal e da sua História, um dos maiores lutadores que ajudaram a criar as condições para que os «capitães» pudessem realizar Abril”, lê-se no comunicado.

Segundo Vasco Lourenço, Mário Soares manteve-se “fiel a si próprio e aos seus ideais até aos últimos dias da sua vida cívica e política, indiferente às acusações de radicalização à esquerda, que os defensores do liberalismo económico-financeiro lhe fizeram”.

“É com tristeza que todos os combatentes da liberdade assistem à partida de um dos seus mais notáveis representantes e curvamo-nos à sua memória”, prossegue Vasco Lourenço, que se despede com um “até sempre, Mário!”.

Mário Soares morreu hoje, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado há 26 dias, desde 13 de dezembro.

O Governo decretou três dias de luto nacional, a partir de segunda-feira.

Soares desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.

Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares foi fundador e primeiro líder do PS, e ministro dos Negócios Estrangeiros após a revolução do 25 de Abril de 1974.

Primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, foi Soares a pedir a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e a assinar o respetivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.