“Estar em liberdade é um grande alívio depois de ter passado por este pesadelo. É horrível estar privado da liberdade estando inocente, sem ter cometido qualquer crime”, disse à Lusa Leonel Carvalho depois de sair da prisão em Soto del Real, em Madrid.

O velejador português, que saiu em liberdade cerca das 19:30, referiu que sempre foi honesto e que não existiam provas de qualquer crime.

“É um alívio completo, é respirar liberdade e ver ser reposta a justiça. É muito penoso estar um ano preso sem ter cometido nenhum crime, sem haver provas que tenha cometido, sem nada. Uma pessoa que toda vida foi honesta e parece que a honestidade não vale nada”, frisou.

“Era tão simples investigar a minha vida para saber que sou honesto e de repente passei a ser um traficante e a pertencer uma organização criminosa. É terrível”, acrescentou.

O velejador acredita que o processo vai ser arquivado em breve uma vez que “não tem pés para andar”.

“Já passei por muitas tempestades no mar, mas esta foi um autêntico furacão. Esta foi a pior tempestade da minha vida, mas já passou e tudo se vai resolver”, disse Leonel Carvalho, que vai pernoitar em Espanha hoje, regressando a Portugal no sábado.

A justiça brasileira aceitou o pedido de ‘habeas corpus’ do velejador português Leonel Carvalho, detido em Espanha há quase um ano por alegado tráfico de droga, mediante o pagamento de uma fiança de 30 mil euros.

Leonel Carvalho ficará a aguardar, em Portugal, julgamento pela justiça brasileira, mas sujeito a “medidas bastante restritas”, como recolher noturno obrigatório e proibição de sair do país por mais de oito dias.

Com esta decisão, o velejador português evita a extradição para o Brasil, onde prossegue o julgamento.

Leonel do Nascimento Carvalho está em prisão preventiva em Madrid desde maio passado ao abrigo de uma ordem de detenção internacional pedida pela justiça brasileira por alegado tráfico de droga a bordo de um veleiro, num caso que foi investigado e arquivado pela justiça portuguesa.

O velejador português, de 68 anos, transportou, no verão de 2014, um veleiro de Santos (Brasil) para Portugal, tendo sido intercetado quase no final da viagem pelas autoridades portuguesas e espanholas, que efetuaram quatro buscas ao navio.

Nas três primeiras averiguações, nada foi encontrado e apenas na última, realizada em setembro de 2014, foram descobertos indícios da existência de cocaína.

No entanto, o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa ditou o arquivamento do processo, por considerar não existirem “indícios suficientes que (…) permitam identificar quem, quando e onde é que introduziram ou retiraram do veleiro o estupefaciente cujos vestígios foram recolhidos através de esfreganço e identificado como sendo de cocaína e muito menos saber de que quantidade se tratava”.

Quase dez mil pessoas assinaram uma petição dirigida ao Presidente da República, pedindo a libertação do cidadão português.

[Notícia atualizada às 21:35]