A partir das 10h10 de sábado, as cerimónias terão início e o corpo de Jorge Sampaio será levado para o antigo Museu dos Coches, informou esta tarde o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

O cortejo fúnebre terá "uma primeira paragem na Câmara Municipal de Lisboa, às 10h35" e "à entrada dos Paços do Concelho de Lisboa estarão presentes o presidente da Câmara Municipal, a vereação, os deputados municipais e os presidentes das juntas de freguesia".

Posteriormente, "o corpo partirá, às 10h45, para o antigo Museu dos Coches, através da Rua do Arsenal, da Praça do Comércio, da Avenida da Ribeira das Naus, do Cais do Sodré, da Avenida 24 de Julho, da Avenida da Índia, até chegar à Praça Afonso de Albuquerque".

No local estarão as "mais altas entidades da República Portuguesa" para prestar uma primeira homenagem: o presidente da República, o presidente da Assembleia da República e o primeiro-ministro.

A partir das 12h00 de sábado "iniciar-se-á o velório, aberto ao público", pelo que "todos aqueles que queriam prestar uma última homenagem ao presidente Jorge Sampaio terão a oportunidade de fazê-lo", até às 23h00.

Santos Silva informou ainda que "no domingo haverá a cerimónia oficial, a partir das 11h00, no Mosteiro dos Jerónimos", que contará com "intervenções do primeiro-ministro, do presidente da Assembleia da República, do presidente da República e também com intervenções de familiares, com um momento cultural e também com a participação da Orquestra Sinfónica Portuguesa e do Teatro Nacional de São Carlos".

A cerimónia terminará às 13h00 e segue-se o cortejo fúnebre. "O corpo será levado até ao cemitério do Alto de São João, através da Avenida da Índia, da Avenida 24 de Julho, Avenida da Ribeira das Naus, da Praça do Comércio, da Avenida Infante D. Henrique, da Avenida Mouzinho de Albuquerque, da Praça Paiva Couceiro e da Avenida Morais Soares".

O corpo de Jorge Sampaio chegará ao cemitério às 13h30, onde será prestada homenagem por "companhias dos três ramos das Forças Armadas: Marinha, Exército e Força Aérea".

Posteriormente, haverá "uma cerimónia estritamente privada, estritamente reservada à família" de Sampaio.

Cerimónias fúnebres com “momentos de proximidade” abertos ao público

Assim, as cerimónias fúnebres de Estado pela morte de Jorge Sampaio, entre sábado e domingo, terão vários “momentos de proximidade” abertos ao público em geral e incluem “pormenores” relacionados com a personalidade do antigo Presidente da República.

Este modelo adotado para as cerimónias fúnebres de Estado pela morte de Jorge Sampaio foi transmitido aos jornalistas por José Manuel dos Santos, representante da família do antigo chefe de Estado e que foi seu assessor presidencial.

Em declarações aos jornalistas no Ministério dos Negócios Estrangeiros, José Manuel dos Santos, curador e escritor, referiu que, nas últimas horas, “muitas pessoas têm contactado, quer a família, quer o gabinete do antigo Presidente Jorge Sampaio”, e adiantou que ao longo dos dois dias de exéquias fúnebres haverá “vários momentos de proximidade”.

“Momentos em que todos os portugueses podem manifestar e testemunhar a sua proximidade ao doutor Jorge Sampaio, quer no sábado entre o meio-dia e as 23h00 no antigo Museu dos Coches, quer depois junto ao cemitério e nos percursos que forem feitos”, especificou.

Em nome da família de Jorge Sampaio, José Manuel dos Santos realçou depois a colaboração que tem havido na preparação destas cerimónias fúnebres.

“São cerimónias fúnebres de Estado destinadas a um antigo chefe de Estado e em que há aqui uma mistura entre aquilo que são as características de uma cerimónia pública de Estado com alguns pormenores que têm a ver com a personalidade pessoal e política do Presidente Jorge Sampaio”.

“Portanto, estas cerimónias fazem-se dessas duas coisas", acrescentou o antigo assessor de Jorge Sampaio, escritor e membro da Comissão Política do PS.

O antigo Presidente da República Jorge Sampaio morreu hoje, aos 81 anos, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, onde estava internado desde 27 de agosto, na sequência de dificuldades respiratórias.

O Governo decretou três dias de luto nacional pela sua morte e cerimónias fúnebres de Estado.

Nos termos do artigo 42.º da Lei das Precedências do Protocolo do Estado, "o Governo declara o luto nacional, sua duração e âmbito, sob a forma de decreto", que está previsto ser "declarado pelo falecimento do Presidente da República, do presidente da Assembleia da República e do primeiro-ministro e ainda dos antigos presidentes da República" e também "pelo falecimento de personalidade, ou ocorrência de evento, de excecional relevância".

Nascido em Lisboa em 18 de setembro de 1939, Jorge Fernando Branco de Sampaio foi um dos protagonistas da crise académica do início dos anos 60, que gerou um longo e generalizado movimento de contestação estudantil ao Estado Novo, e como advogado defendeu presos políticos durante a ditadura.

Depois do 25 de Abril de 1974, foi secretário-geral do PS (1989-1992), presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1990-1995) e Presidente da República (1996 e 2006).

Após a passagem pela Presidência da República, foi nomeado em 2006 pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) enviado especial para a Luta contra a Tuberculose e, entre 2007 e 2013, foi alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações.

Atualmente presidia à Plataforma Global para os Estudantes Sírios, fundada por si em 2013 com o objetivo de contribuir para dar resposta à emergência académica que o conflito na Síria criara, deixando milhares de jovens sem acesso à educação.

O luto nacional foi decretado pela última vez em janeiro deste ano, por um dia, pela morte do fadista Carlos do Carmo.

Quanto morreu o antigo Presidente da República Mário Soares, em 2017, o Governo decretou também três dias de luto nacional.

Anteriormente, tinham sido decretados três dias de luto nacional quando morreram os presidentes em exercício do Egito Anwar al Sadat, em 1981, e de Moçambique Samora Machel, em 1986, o imperador do Japão Hirohito, em 1989, a fadista Amália Rodrigues, em 1999, o papa João Paulo II, em 2005, o antigo presidente sul-africano Nelson Mandela, em 2013, e o antigo jogador de futebol Eusébio, em 2014.

Em 1980, pelas mortes do então primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro, e do ministro da Defesa, Amaro da Costa, quando o avião que os transportava caiu sobre Camarate, foi decretado luto nacional durante cinco dias.

Já as mortes do marechal António de Spínola, em 1996, e do marechal Costa Gomes, em 2001, que exerceram as funções de Presidente da República logo após o 25 de Abril de 1974, sem voto popular, motivaram dois dias de luto nacional.

De acordo com o Diário da República, foram igualmente decretados dois dias de luto nacional pelas mortes do rei de Marrocos Hassan II, em 1999, do escritor José Saramago, em 2010, e do realizador Manoel de Oliveira, em 2015.

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