Na presença da Alta Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Federica Mogherini, o eurodeputado comunista criticou, no plenário de Estrasburgo, o Parlamento Europeu por omitir “sistematicamente, sem condenação, as ameaças de intervenção militar e as ações de destabilização promovidas pelos Estados Unidos contra a República Bolivariana da Venezuela e o povo venezuelano”.

João Pimenta Lopes acusou a União Europeia (UE) de compactuar com uma estratégia que tem como elemento central as sanções e o bloqueio económico-financeiro, “atingindo a economia da Venezuela e as condições de vida do seu povo e da esmagadora maioria da comunidade portuguesa”.

“As relações com a Venezuela e com o seu legítimo Governo devem pautar-se pelo respeito da sua soberania e independência, pela carta das Nações Unidas e o direito internacional, como pelo respeito pelo povo venezuelano decidir sem ingerências externas o seu futuro”, sustentou.

A intervenção do eurodeputado comunista contrastou, no teor e na forma, com a dos restantes portugueses, que condenaram as ações do Governo de Nicolás Maduro.

“Muito mais de dois milhões de cidadãos deixaram a Venezuela nos últimos anos devido ao regime ditatorial que aí impera. Nós aqui não podemos estabelecer nenhuma distinção entre ditaduras. Não há ditaduras de esquerda e de direita, umas melhores e outras piores. Todas as ditaduras são deploráveis e os verdadeiros democratas têm a obrigação de as combater. E nós, que temos o privilégio de estar num parlamento democrático, temos a obrigação de denunciar, de combater, e de apoiar aqueles que lutam pela democracia na Venezuela, mesmo que não concordemos com as suas orientações ideológicas e políticas”, defendeu Francisco Assis.

O eurodeputado socialista, que em junho liderou uma delegação do PE ao Brasil para verificar a situação dos refugiados da Venezuela, mostrou-se de acordo com a posição europeia de promover mais negociações com o Governo de Maduro, mas vincou que tal não pode significar uma perda de firmeza da UE na sua relação com o “regime ditatorial” que existe no país.

Seu colega na bancada socialista, Carlos Zorrinho advertiu também para o facto de “uma tragédia com a dimensão daquela que está a suceder” ser sempre fruto de “um estrondoso falhanço político”.

“As causas e os contextos são vários, mas o papel da UE não deve ser alimentar rivalidades geoestratégicas ou extremar a caracterização dos bons ou dos maus. O sofrimento do povo venezuelano não pode ser um instrumento de combate político”, sublinhou.

Já Nuno Melo, que referiu “uma Venezuela chavista e totalitária, onde se aplicam as práticas marxistas mais ortodoxas em pleno século XXI”, criticou duramente o regime, lembrando o caso de Fernando Albán, o opositor morto sob custódia do Governo, “que talvez tenha tropeçado do 10.º andar do prédio do edifício do serviço bolivariano de inteligência nacional em Caracas”.

“Este debate é sobre a situação da Venezuela. A situação da Venezuela, um dos países mais ricos do planeta, resume-se a uma palavra: é uma tragédia”, frisou, num tom duro repetido por José Inácio Faria, que considerou que “o regime ilegítimo e ditatorial” de Maduro é parte do problema e não da solução, e que este tem ludibriado os seus parceiros internacionais “com simulacros de diálogo que apenas têm servido para ganhar tempo e desmobilizar a oposição interna”.

Fernando Ruas, do PSD, defendeu que a crise humanitária que se vive na Venezuela “não é tolerável e tem de ser invertida”, e apelou para o reforço da ajuda humanitária no terreno.

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