Em Cátia, a oeste de Caracas, uma das zonas tidas como bastião do chavismo, pelas 15:00 locais (19:00 em Lisboa), mais de meio milhar de pessoas permaneciam à espera para votar, junto da Igreja de Nossa Senhora del Carmen.
Nesse mesmo lugar, onde pouco antes votou o arcebispo de Caracas, Jorge Urosa Savino, integrantes dos coletivos (motociclistas armados afetos ao regime) atacaram as pessoas que pretendiam votar, em três ocasiões.
Segundo o autarca Jesus Armas, perante os ataques, as pessoas refugiaram-se dentro da Igreja e tiveram de desmontar temporariamente as urnas de voto, com os coletivos a tentarem entrar violentamente no templo religioso, causando um número indeterminado de feridos.
Em várias ocasiões, os coletivos tentaram levar o material eleitoral, mas foram impedidos pela população.
Ainda na capital, em San Agustín (centro), outra zona tradicionalmente chavista, 300 pessoas esperavam para votar quando apareceram os coletivos e destruíram o material eleitoral. Perante a situação, a população dirigiu-se em grupo até outro centro eleitoral, em Parque Carabobo, nas proximidades do Ministério Público.
Em Artigas (oeste) houve registos de grandes filas para votar, numa situação análoga à que se registou em El Valle (sul), localidade onde tradicionalmente os candidatos da revolução bolivariana têm conseguido a maioria dos votos.
No leste de Caracas, onde a oposição lidera as preferências, registou-se também grande afluência de pessoas nos centros eleitorais de Chacaíto, Chacao, Baruta, Las Mercedes, entre outros.
No interior do país, segundo a imprensa local, e quando faltava meia hora para encerrar as urnas, havia grande afluência de pessoas nos Estados de Carabobo, Arágua, Lara, Zúlia, Mérida e Táchira, entre outros.
No sul da Venezuela, no Estado de Amazonas, alegados funcionárias das forças de segurança atacaram vários sítios de voto com bombas de gás lacrimogéneo, fazendo com que as pessoas corressem, se protegessem e regressassem depois para participar na consulta.
No Estado de Yaracuy (centro do país), funcionários da polícia de San Felipe, tentaram, segundo a oposição, impedir a consulta popular, intimidando as pessoas.
O plebiscito, que a oposição designa como o maior ato de “desobediência civil”, tem lugar após três meses de contínuos protestos violentos contra o Governo de Nicolás Maduro, durante os quais pelo menos 93 pessoas morreram.
Durante a consulta os venezuelanos devem responder se apoiam ou não a Assembleia Constituinte promovida pelo Presidente Nicolás Maduro e convocada para 30 de julho, que dizem instaurará um regime comunista no país.
Por outro lado, com o voto pretendem exigir que as Forças Armadas iniciem ações para defender a atual Constituição e respalde o parlamento, onde a oposição detém a maioria, desvinculando-se do Governo.
Uma terceira pergunta é sobre se aprovam uma renovação dos poderes públicos e a realização de eleições livres.
Na Venezuela, os protestos contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro intensificaram-se desde 01 de abril.
Comentários