"Juro em nome do povo da Venezuela (...) juro pela minha vida", declarou Maduro, num ato que não foi assistido por nenhum representante da União Europeia (UE) nem pela maioria dos países das Américas.
A cerimónia de posse decorreu na Sala Plenária do Supremo Tribunal da Venezuela (STJ) e não na Assembleia Nacional (parlamento, onde a oposição detém a maioria), porque Maduro não reconhece legitimidade a este órgão, que acusa de afrontar as sentenças do tribunal.
O Presidente da Venezuela chegou ao STJ acompanhado pela mulher, Cília Flores, onde foi recebido pelo presidente daquele órgão judicial e várias delegações internacionais.
Nicolás Maduro, de 56 anos, e sucessor do falecido líder socialista Hugo Chávez (Presidente entre 1999 e 2013) recebeu a faixa presidencial das mãos do presidente do STJ, Maikel Moreno.
Na cerimónia, entre outros, estiveram presentes delegações da Turquia, El Salvador, Ossétia do Sul, Suriname, Irão, São Vicente e Granadinas, Granada, Dominica, São Cristóvão e Neves, Antígua & Barbuda, Rússia, Belize, África do Sul, Argélia, Bielorrússia, China, República do Congo, Moçambique, Irlanda, Líbano, Liga Árabe e da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
Segundo o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, Nicolás Maduro foi reeleito para um novo mandato presidencial nas eleições antecipadas de 20 de maio de 2018, com 6.248.864 votos (67,84%).
Um dia depois das eleições, a oposição venezuelana questionou os resultados, alegando irregularidades e o desrespeito pelos tratados de direitos humanos e a Constituição da Venezuela.
A crise político-económica e social levou, segundo dados das Nações Unidas, a que cerca de 3 milhões de venezuelanos tenham abandonado o país, desde 2015, para vários continentes, mas principalmente para países vizinhos.
Organização de Estados Americanos (OEA) não reconhece legitimidade de Maduro
A OEA apelou para a realização de novas eleições “numa data próxima”, com observadores internacionais.
Numa reunião extraordinária do seu Conselho Permanente sobre a crise naquele país latino-americano, foi adotada uma resolução declarando “ilegítimo o novo mandato de Nicolás Maduro iniciado a 10 de janeiro” e apelando para “novas eleições presidenciais, com todas as garantias necessárias para um processo livre, justo, transparente e legítimo”.
O texto, apresentado pela Argentina, o Chile, a Colômbia, a Costa Rica, os Estados Unidos, o Peru e o Paraguai, obteve 19 votos a favor, seis contra e oito abstenções e será “imediatamente transmitido” ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
A delegação venezuelana junto da OEA, liderada pelo embaixador Samuel Moncada, recusou participar na reunião do Conselho Permanente da organização, classificando-a como “um ato hostil e inamistoso”, e advertiu que não reconhecerá “qualquer decisão que possa ser adotada”.
PCP critica Governo português por não se fazer representar na posse de Maduro
"Esta atitude de claudicação nacional perante a União Europeia, que se insere na escalada de desestabilização e agressão contra a Venezuela, é contrária à defesa dos interesses de Portugal, do povo português e da comunidade portuguesa na Venezuela", indicou o Partido Comunista Português em comunicado de imprensa.
O PCP considerou que Portugal deve "pautar as relações institucionais com a Venezuela pelo respeito da Constituição da República Portuguesa", dissociando-se "das ações de desestabilização e agressão" contra a Venezuela e o seu povo.
Os comunistas portugueses salientaram ainda que Nicolás Maduro foi legitimamente eleito Presidente da Venezuela para um novo mandato de seis anos, em conformidade com a vontade do povo venezuelano expressa nos resultados da eleição presidencial de 20 de maio de 2018 e segundo a ordem constitucional venezuelana.
O PCP fez-se representar na cerimónia de tomada de posse de Nicolás Maduro, por João Pimenta Lopes, deputado do PCP no Parlamento Europeu e Vice-presidente da delegação à Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana (EUROLAT).
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