Segundo o coordenador nacional do comité organizador, Enrique Colmenares Finol, no total participaram na consulta 6.466.791 pessoas, das quais 3.209.714 presencialmente na Venezuela e 844.723 fora do país,
Além disso, 2.412.354 pessoas votaram pela internet, através de duas aplicações, Telegrama e Voatz, disponíveis desde segunda-feira.
Colmenares explicou que, até agora, “87,44% de todo o esquema eleitoral foi contado”, embora não tenha dado informações sobre quantas pessoas votaram contra ou a favor das propostas.
Na consulta, os eleitores tinham de responder “sim” ou “não” a três perguntas que foram aprovadas pela Assembleia Nacional (Parlamento), atualmente com maioria da oposição, mas cujo mandato termina a 05 de janeiro.
A primeira pergunta a que os participantes tinham de responder era se rejeitavam as eleições legislativas de domingo passado.
Foi ainda perguntado aos eleitores se exigiam “a cessação da usurpação da Presidência por Nicolás Maduro” e apelavam “a eleições presidenciais e parlamentares livres, justas e verificáveis”.
Apesar de não ter fornecido os resultados das respostas, Colmenares disse que os dados mostram que “a Venezuela disse ‘sim’ à liberdade.
“Hoje houve um grande vencedor: a Venezuela e a sua liberdade, hoje temos de nos sentir orgulhosos de sermos venezuelanos, de num momento tão difícil sairmos com a nossa presença e a nossa ação para dizer ao mundo que queremos a liberdade”, afirmou.
Tanto a consulta convocada por Guaidó como as eleições legislativas organizadas por Maduro registaram um elevado nível de abstenção, apontou o politólogo Jesus Castillo-Molleda, para quem “ambos os setores perderam a rua, não estão ligados aos problemas das pessoas”.
Para o analista Rafael Alvarez Loscher, “a oposição não foi capaz de canalizar o descontentamento, porque não atingiu os seus objetivos, e isto desmoralizou o povo”.
“Embora sejam contra Maduro, poucos veem a necessidade de associar o seu nome a algo que não tenha qualquer efeito legal ou político”, acrescentou.
Esta não é a primeira vez que a oposição organiza uma consulta deste tipo. Uma iniciativa semelhante levou à rejeição da Assembleia Constituinte 100% “chavista” em julho de 2017, após meses de protestos repressivos que resultaram em 125 mortes.
Nessa altura, a oposição alegou ter obtido 7,6 milhões de votos contra a Assembleia Constituinte.
Maduro tinha minimizado a importância da consulta convocada por Guaidó, que descreveu como um “charlatão” e um “fantoche” nas mãos dos Estados Unidos.
“Ninguém poderá acreditar que esta consulta na Internet tenha qualquer valor legal ou constitucional, apenas um valor informativo”, disse aos deputados na quinta-feira.
No domingo passado, a aliança de partidos que apoiam o Governo do Presidente Nicolás Maduro venceu as eleições legislativas, com 67,6% dos votos, segundo o Conselho Nacional Eleitoral, conquistando 255 dos 277 lugares no Parlamento.
No entanto, para Juan Guaidó não há deputados eleitos porque, disse, não reconhece os resultados. O responsável afirmou aos jornalistas que com estas eleições se está a passar o mesmo que em 2018, quando Nicolás Maduro foi eleito como Presidente numas eleições recusadas por parte da comunidade internacional.
Em janeiro do ano passado, Juan Guaidó proclamou-se Presidente interino e foi reconhecido por meia centena de países.
Ainda que se desconheçam os resultados da participação ou a resposta dos cidadãos, Juan Guaidó assegurou que a atual Assembleia Nacional vai continuar.
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