“Respeito a decisão dos outros países […], mas a segurança física dos portugueses que vivem na Venezuela é a prioridade número um” da diplomacia portuguesa, disse Augusto Santos Silva, numa conferência de imprensa acompanhado pelo chefe da diplomacia espanhola, Josep Borrell.
Santos Silva explicou que Lisboa tem “um elemento nacional” específico quando se trata do relacionamento com a Venezuela, que é o facto de haver cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes nesse país, sendo essa a sua “primeira preocupação”, insistiu.
“Peço a todas as partes que se manifestam muito legitimamente, como é próprio das democracias, que o façam pacificamente sem pôr em causa a segurança dos bens e das pessoas”, afirmou o ministro português.
Pelo menos quatro pessoas morreram nos protestos da última noite contra o Presidente, Nicolás Maduro, na Venezuela, um dos quais em Caracas e três no estado venezuelano de Bolívar, anunciou hoje o Observatório Venezuelano de Conflituosidade Social (OVCS).
O Fórum Penal Venezuela (FPV) anunciou hoje que pelo menos 43 pessoas foram detidas na Venezuela nas últimas 48 horas, quando participavam em protestos contra o Governo de Maduro.
Poucos minutos antes desta declaração e na mesma conferência de imprensa, o ministro espanhol tinha avançado que Espanha e Portugal apostavam numa “solução política e negociada” como única saída possível na crise venezuelana e irão impulsionar a criação de um “grupo de contacto” da União Europeia.
Os dois chefes da diplomacia tinham analisado durante um almoço de trabalho que tiveram uma proposta lançada pela alta representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Federica Mogherini, para ajudar na resolução da crise venezuelana.
Borrell insistiu na criação de “um método que, sem levantar as sanções, procure e promova um diálogo” e acrescentou que “as sanções não são uma política, são instrumentos da política” e a Europa deve ir mais longe e envolver-se na busca de uma solução.
O ministro espanhol assegurou que a iniciativa europeia reflete uma “posição comum muito clara”, onde “todos dizem que a solução deve ser pacífica e negociada” e que a UE se deve envolver na procura de uma solução, visto haver “um milhão de europeus” a viver naquele país sul-americano.
O presidente do parlamento venezuelano, o opositor Juan Guaidó, autoproclamou-se hoje Presidente interino da Venezuela, perante uma concentração de milhares de pessoas, no leste de Caracas.
A UE não participou na tomada de posse de Nicolás Maduro para um segundo mandato, a 10 de janeiro, por considerar que as eleições presidenciais “não foram justas nem livres”.
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