“Apenas 2,7% dos registados (nos cadernos eleitorais) foram votar, e como bem sabem, isto será verificado e irá refletir-se ao longo do dia, não subirá muito mais [a taxa de participação] com quase toda a certeza”, afirmou, em declarações à comunicação social, a deputada Delsa Solórzano, membro do Observatório Antifraude, um organismo criado em novembro passado pelos deputados da oposição com assento na Assembleia Nacional (parlamento).

“Isto é evidente”, reforçou a deputada, prosseguindo: “É visível nas ruas (…) temos relatos de toda a Venezuela (…), não há ninguém nas ruas”.

Mais de 20,7 milhões de eleitores venezuelanos são hoje chamados às urnas para eleger os novos deputados para a Assembleia Nacional, o único órgão que é dominado pela oposição desde 2015.

Os apoiantes do Presidente Nicolás Maduro prometem uma vitória arrasadora neste ato eleitoral.

A fação da oposição venezuelana, liderada por Guaidó, apelou ao boicote do escrutínio, por considerar que não estão reunidas as condições mínimas para uma eleição justa.

“Os relatos são absolutamente de total solidão”, disse, por sua vez, o dirigente e também membro do observatório da oposição, Andrés Velásquez.

“Hoje na Venezuela não se realizam nenhumas eleições, mas sim uma fraude eleitoral”, frisou Andrés Velásquez.

A agência Lusa constatou que vários centros eleitorais de Caracas registavam ao longo da manhã de hoje uma fraca afluência de eleitores.

Em zonas como Los Cedros, La Florida, Las Palmas e La Candelária viam-se algumas dezenas de pessoas verificando as listagens de eleitores afixadas no exterior dos centros eleitorais, principalmente cidadãos idosos, sendo notória a ausência de jovens.

As forças que apoiam o regime venezuelano dizem que a crise – económica, política e social que obrigou cerca de 4,5 milhões de venezuelanos a abandonar o país nos últimos cinco anos – foi causada pela oposição e o Presidente Nicolás Maduro promete mudar a situação.

Estas eleições, segundo os analistas, não vão atrair uma grande parte da população, mais preocupada com os problemas diários, como sobreviver num país “dolarizado” (preços afixados em dólares), com alta inflação, escassez de alguns produtos, de água, de gás, de eletricidade e de gasolina.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, os venezuelanos vão eleger 277 deputados, mais 110 do que os eleitos nas legislativas de 06 de dezembro de 2015.

O novo parlamento entrará em funções a 05 de janeiro de 2021, dois anos depois de o líder opositor Juan Guaidó se autoproclamar presidente interino da Venezuela prometendo convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.