“Todos sabemos quem vai ganhar e quem será castigado. Os brasileiros querem mudança e um dos candidatos sairá beneficiado desse voto, apesar de que nem um nem outro candidato poderá governar como deseja, porque o povo impedirá que se desviem”, explicou Aurélio Araújo à Agência Lusa.
Com 45 anos, mulher e três filhos, o taxista considera que “a viragem” política no Brasil influenciará toda a América Latina.
“A Venezuela está a perder força, ficando isolada internacionalmente e o Brasil é um gigante, que tem todas as possibilidades de inverter a degradação e os resultados negativos em aspetos como a economia, a pobreza, e a segurança, mas necessitará alguns anos para poder fazê-lo”, disse.
Por outro lado Romualda Sanchez, empregada de balcão de uma sapataria, não vê com bons olhos nenhum dos candidatos, porque “um deles é de um partido que prejudicou o Brasil e que inclusive apoiou a política venezuelana dos últimos anos. O outro representa um extremo que tão pouco é saudável”.
“Exemplo disso é a pouca solidariedade com os venezuelanos que cruzaram diariamente a fronteira. Entre ambos países o que sempre predominou foram os interesses económicos”, frisou.
Apesar da visão do que acontece no país vizinho, Romualda Sanchez, diz ter mais coisas com que preocupar-se e salientou que, de imediato, o objetivo é “fazer chegar a comida diária aos dois filhos”, porque o salário do marido e o dela próprio “não dá para muito”.
“É preciso arroz, massa, leite, carne, ovos, etc. Mas também roupa, sapatos e até cadernos e livros para a escola. As coisas subiram tanto de preço e estão tão difíceis que precisaríamos vinte salários mínimos por mês para ter alguma comodidade. Muitos produtos que nos chegam são do Brasil, mas pagamos bem caro por eles”, disse.
Sebastiana Casanova, doméstica, 50 anos, ouviu dizer que a pobreza aumentou no Brasil, que há alguns casos de corrupção e que a insegurança também está aumentando e diz logo que esses são “três problemas comuns com a Venezuela”.
“Aqui sempre houve pobreza, corrupção e insegurança. Nenhum político conseguiu combater isso. Mais que assuntos da esquerda ou da direita parecem ser males da América Latina, que acontecem porque nos recusamos (os latino-americanos) a mudar de mentalidade. Não será as eleições no Brasil que nos farão mudar”, disse.
Por outro lado, apesar dos problemas “a Venezuela não é a coisa mais má do mundo, como tentam pintar lá fora (no estrangeiro)”, acrescentou.
“Tenho um familiar que esteve recentemente no Brasil, na fronteira (com a Venezuela) e regressou, porque aqui (em Caracas) estava melhor. Lá (norte do Brasil) há muita insensibilidade, se não tivermos dinheiro não nos querem”, concluiu.
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