“Este não é um Orçamento do Estado de reforma nem de fortalecimento da economia, este é um orçamento de operações cirúrgicas, e Portugal precisava de um orçamento que robustecesse a economia e que fosse uma ajuda às famílias e às empresas”, disse André Ventura aos jornalistas no final da audiência com o Presidente da República.

Segundo o líder do Chega, Marcelo Rebelo de Sousa foi “sensível a alguns” dos argumentos do partido, tendo na audiência sido ainda abordada “a situação internacional e como se pode deteriorar muito rapidamente, a situação dos mercados internacionais, a situação militar internacional e sobre como o país tem que estar preparado para enfrentar os desafios nos próximos tempos”.

“Na nossa perspetiva não é com este orçamento, por isso a proposta que vamos levar quer à direção nacional do partido quer à ao grupo parlamentar é de votar contra o Orçamento do Estado para 2023”, anunciou.

De acordo com Ventura, o Chega chamou “a atenção do Presidente para os vários riscos que a economia portuguesa enfrenta neste momento e para os vários erros de pressupostos que este orçamento tem”.

Para o partido há vários elementos “especialmente críticos” neste orçamento como “a falta de ajuda às famílias e às empresas e a incapacidade de fazer alterações fiscais de fundo que levem realmente a que os portugueses sintam mais dinheiro no bolso”.

“O próprio Presidente da República foi sensível às nossas questões relacionadas com os dados excessivamente otimistas do Governo e também com o facto de ser um documento que não procura fazer reformas, robustecer a economia do país numa altura de crise financeira internacional, mas de ser apenas um orçamento para navegar à vista e fazer alterações cirúrgicas, particulares e específicas”, afirmou.

O Presidente da República recebe hoje, durante todo o dia, os partidos com assento parlamentar, após a entrega, na segunda-feira, da proposta de Orçamento do Estado para 2023 na Assembleia da República.

A proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023) prevê que a economia portuguesa cresça 1,3% em 2023 e registe um défice orçamental de 0,9% do Produto Interno Bruto.

O Governo visa reduzir o peso da dívida pública de 115% do PIB para 110,8% em 2023 e projeta que a inflação desacelere de 7,4% em 2022 para 4% no próximo ano.

A proposta vai ser debatida na generalidade no parlamento nos próximos dias 26 e 27, com a votação final global do diploma marcada para 25 de novembro.