Em declarações aos jornalistas à margem de uma concentração promovida pelo partido para contestar as medidas restritivas devido à pandemia, André Ventura foi questionado sobre o Conselho Nacional do partido, que decorre na sexta-feira e no sábado em Sagres, e que tem como um dos pontos da ordem de trabalhos a alteração do programa político do Chega.
“Nós estávamos a procurar clarificar o programa”, indicou o líder, indicando que a “lógica era de simplificação também”, defendo que os portugueses têm de saber “exatamente em que estão a votar, qual é o programa”.
Questionado se a mudança se deveu a evitar uma eventual ilegalização, em análise no Tribunal Constitucional, André Ventura recusou: “Não, não foi”.
O deputado único do Chega falou também em “sucessivos ataques de pouca clarificação em matéria ideológica” e defendeu que o partido “tem de ter posição clara” sobre temas como saúde, educação ou ideologia de género.
O seu objetivo é que o documento final seja “um verdadeiro programa de Governo” porque o Chega “tem de ser preparar” para tal.
Na ótica de Ventura, este Conselho Nacional vai “consolidar um pouco aquilo que foi decidido” no último congresso e o deputado espera um debate aceso.
O presidente do Chega anteviu também que esta reunião do órgão máximo entre congressos vai ser “uma espécie de minicongresso”, uma vez que aquele órgão “já tem mais de 100 conselheiros eleitos”.
Ventura disse também que aceitará “a vontade do partido”, mas defendeu que o Chega “tem de estar ao lado da educação pública e da saúde pública mesmo que ao mesmo tempo possa defender e querer que o privado e o público convivam de forma sã”.
O Conselho Nacional do Chega vai debater na sexta-feira e no sábado sobre o novo programa político do partido, e a proposta da direção diminui o documento para metade e rejeita a conotação de “extremista”.
A proposta base que a liderança vai apresentar ao órgão máximo do Chega entre congressos, e à qual a agência Lusa teve acesso, tem 25 páginas, face às 60 do documento que vigora desde a fundação do partido, em 2019.
No preâmbulo, é referido que o objetivo é adequar o programa político do Chega “aos desafios do seu crescimento e expressão nacional” sendo que a direção considera que, “na nova etapa, é fundamental fazer sobressair a substância da matriz política originária do partido Chega, de modo a reforçar a função agregadora do texto programático”.
“O Chega é um partido político em exclusivo de direita por razões morais e, pelas mesmas razões, rejeita toda e qualquer conotação com qualquer espetro político extremista e fundamentalista”, lê-se também.
Este documento contém menos propostas concretas e deixa de fora algumas ideias que constam do atual, como a referência a uma “profunda revisão da Constituição”, e as medidas que queria implementar nesse âmbito, como a presidencialização do regime ou a redução do número de deputados e de ministérios.
O debate e aprovação do programa do Chega, que dividiu o partido, esteve agendado para o congresso nacional de Coimbra, de 28 a 30 de maio, mas foi adiado para a primeira reunião do conselho nacional.
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